sábado, 15 de fevereiro de 2020

Capitulo 4 - Irmãos?

Pensei em alguma forma de sair do meu trabalho e ir até a escola onde Marina trabalha, e só conseguia pensar em uma pessoa para me ajudar, minha mãe.

-Carla, avisa ao senhor Torres que precisei sair mais cedo
-Mas você acabou de chegar
-Depois me resolvo com ele

Segui rumo ao elevador sem nem dar muita moral a essa secretária antipática e puxa saco, eu nunca tive problemas com o meu chefe, até porque a empresa é associada a construtora do meu pai, e eu tenho alguns privilégios devido a isso, mas não gosto de usar isso ao meu favor, somente em casos de extrema necessidade, como o de hoje. Enquanto seguia até a escola, pensava em como seria a minha conversa com minha mãe, ela é a dona da escola, e graças a ela, Marina se formou em pedagogia e conseguiu trabalhar ali, porém minha amiga nunca teve nenhum privilégio, mesmo morando comigo e sendo como uma irmã pra mim, para a minha mãe ela é apenas a filha da empregada, que ela ajudou a criar e sustentar, no fundo eu sei que ela ajudou por bondade, mas ás vezes penso que ela só fez para me agradar, pois desde quando Marina chegou naquela casa, eu tive uma amiga, uma irmã, que ela nunca pode me dar.

-Bom dia, minha mãe está?-perguntei a uma das funcionárias da escola que encontrei na entrada do estacionamento
-Bom dia, ela está em reunião com a diretora-me respondeu a funcionária toda simpática
-Tudo bem, tenho algo rápido para falar com ela

Eu conhecia muito bem aquela escola, e todos os funcionários também me conheciam, era muito bem recebida por todos, e mesmo sem anunciar nada, fui entrando na sala da diretora, onde ela e minha mãe tomavam um café, enquanto conversavam em frente seus notebooks.

-Bom dia-disse assim que entrei
-Bom dia minha filha-ela deu um largo sorriso ao me ver-o que te trás aqui? achei que estava no trabalho
-Sim, eu deveria estar trabalhando, mas aconteceu um imprevisto, e por isso vim aqui visitar você e de quebra levar a Marina comigo
-Mas a Marina está em horário de aula-disse a diretora se intrometendo
-É algo urgente-olhei para a minha mãe-eu sei que você pode dar um jeito nisso
-Talvez a gente possa juntar o segundo e o terceiro ano hoje-disse minha mãe olhando para a diretora, que não fez uma cara nada boa
-Isso fere as normas do nosso colégio Vera, e...
-Mas eu quem decido-disse minha mãe a interrompendo-vamos querida-veio até mim-vou com você até a sala da Marina, e ver o que posso fazer para os alunos dela não ficarem dispersos
-Obrigada mãe-sorri para ela, que me abraçou pela cintura

Ás vezes sinto que sou um pouco injusta com os meus pais, e o pouco que os vejo sinto o carinho que sentem por mim, mas estou feliz seguindo a minha vida com as minhas próprias pernas, e sei que posso contar com eles para tudo o que eu precisar, como agora, que cheguei na sala da minha amiga, e ela não entendeu nada quando minha mãe disse que ela estava liberada.

-Sua mãe me liberou só hoje né?-Marina me perguntava pela milésima vez enquanto seguíamos até o endereço da clínica, que o suposto irmão dela a mandou
-Sim sua boba, você não foi demitida, relaxa-ria de minha amiga paranoica
-Só você para conseguir fazer isso por mim Beca-me olhou toda feliz-nem acredito que vou chegar a tempo de fazer o exame
-Pode me agradecer mesmo, porque você sabe que eu odeio faltar no trabalho, e mais ainda aguentar minha mãe me mimando
-Não reclama da sua mãe Beca, ela é ótima com você
-Eu sei-respirei fundo-acho que depois de hoje ela merece um jantar, mas eu ainda vou pensar melhor nisso
-Ela e seu pai vão amar jantar com você
-Comigo, você e o Fábio-incluí os dois e ela riu
-Você não quer mesmo um momento a sós com eles
-Prefiro evitar eles ficarem me enchendo, pelo menos o Fábio só sabe puxar o saco do meu pai e falar da construtora, e você é a minha companhia para ir ao banheiro quando a minha mãe começa a dar pitacos sobre a minha vida
-Não esquece de levar o Bruno, ele ama o gato persa da sua mãe-disse rindo
-Dessa vez vou deixar meu filho em casa, não quero ele em contato com aquele felino mal humorado

Minha amizade com Marina era assim, sempre cheias de assuntos paralelos, e uma conhecendo tão bem a vida da outra, que poderiam passar os anos que iriamos continuar assim. Chegamos na clínica, e senti minha amiga ficar tensa, eu não iria descer do carro, para evitar ver aquele cantor outra vez, mas minha maldita intuição e ligação com Mari, não iriam deixar que eu fizesse isso com a minha amiga, então decidi que a acompanharia.

-Oi Luan-Mari foi logo o dando um abraço e sorrindo largo ao vê-lo
-Oi Mari-ele a deu um abraço carinhoso e um beijo na testa
-Desculpa a demora, é que eu estava no trabalho, e tive uma ajudinha para chegar até aqui á tempo-me apontou e eu sorri amarelo
-Oi-apenas acenei para ele, e as pessoas que ali estavam
-Beca, vem aqui cumprimentar o Luan-Mari me puxou
-Oi muié, tudo bem?-me deu dois beijinhos no rosto e me olhou como se nunca tivesse me visto
-Sim-sorri amarelo novamente, e graças a Deus o médico apareceu para interromper aquele momento constrangedor
-Essa é a moça que vai fazer o exame de DNA?-perguntou olhando para Luan
-Sim doutor-ele confirmou-pronta para o vamos ver?-encarou minha amiga que sorria
-Eu já sinto qual será o resultado, e estou super pronta-disse Mari
-Então vamos coletar o material, será uma amostra de saliva...

O médico começou a explicar todo o procedimento, e eu estava super entediada ouvindo tudo isso, acabei me sentando na sala de espera, ao lado de algumas pessoas com camisa escrito Luan Santana, deviam ser parte da equipe dele, e com certeza estavam na mesma situação que eu, apenas para acompanhar uma das partes do exame e testemunhar todo o processo. Após o material ser colhido, Luan e Mari ainda tiveram de assinar alguns papéis, acho que era sobre sigilo, ou algo do tipo.

-Eu vou viajar, e como o exame demora alguns dias para ficar pronto, quando eu voltar de viagem e tiver a resposta que ficou pronto, eu entro em contato com você-Luan conversava com minha amiga
-Tudo bem, eu quero muito esse resultado, mas vou saber esperar-disse Mari super ansiosa
-Então por favor, não tenha nenhuma crise de ansiedade e desconte em doces, porque eu tô tentando ser fitness amiga-disse a dando um toque
-Mas cê já é magrinha muié-disse Luan se intrometendo e me olhando de cima a baixo
-Magrinha por fora, mas come igual pedreiro-disse Mari rindo e eu a cutuquei
-Para de falar de mim para desconhecidos Marina
-Ele é meu irmão amiga, então vai se acostumando com ele-disse Mari rindo e Luan também riu
-É essa a amiga que mora com você Mari?-ele a perguntou, e era incrível como ele já sabia disso
-É sim, a minha irmã postiça-me abraçou
-Que legal-ele sorriu-espero que a sua irmã postiça também me aceite na família-riu me olhando
-Quando voltar aqui no Rio, faço questão que você vá jantar no nosso apartamento-disse Marina o convidando, sem o meu consentimento
-Ta marcado então-ele sorriu largo-depois que o exame ficar pronto, já sei onde vamos comemorar o resultado
-Agora meu apartamento virou casa de festa Marina?-a olhei séria e ela foi abraçar o suposto irmão
-Não liga pra ela Luan, no fundo ela é legal
-Eu sei, porque se você é amiga dela, ela deve ser legal com você
-Se despede do seu irmãozinho, que te espero no carro Marina

Saí dali e deixei eles conversando, não acredito que Marina esta me fazendo passar por isso, mas minha maior revolta é olhar para aquela cara de sínico outra vez, e ele agir como se nunca tivesse me conhecido, é decepcionante ter que conviver com alguém assim. Depois de um tempo Marina entrou no carro, e ficou o caminho todo tagarelando sobre Luan, ela estava toda feliz e confiante, e eu não sabia se era errado, mas eu desejava que ele não fosse irmão dela coisa nenhuma, sumisse da vida dela, e principalmente da minha vida para sempre.
[...]

Duas semanas se passaram, e eu não aguentava mais ouvir Marina falando sobre esse tal Luan, o pior de tudo é que os dois estavam muito amiguinhos, era chamada de voz, chamada de vídeo, troca de áudio, e eu só observando tudo isso, quanto mais demorava essa viagem do cantor, mais insuportável era aguentar esses dois esperando o resultado do exame de DNA. Acabei indo jantar um dia desses com os meus pais, e somente Fábio foi comigo, pois Marina tinha prova de seus alunos para corrigir, e iria aguardar a ligação de Luan, que já tinha virado rotina antes ou depois dele fazer show, e eu estava tão esgotada da minha amiga, que acabei ficando na casa dos meus pais por algumas noites.

-É impressão minha ou você e a Mari estão se estranhando?-Fábio me questionou após assistirmos um filme agarradinhos em meu quarto
-Impressão sua
-Eu conheço você Beca-alisou meu rosto-sinto que tem algo acontecendo e que você não quer me contar
-Não é nada meu amor, que tal dormimos um pouco?-disse carinhosa alisando os cabelos dele
-Quer dormir mesmo?-me olhou erguendo as sobrancelhas e eu ri
-Pensando bem, não estou com sono agora-sorri subindo em cima dele
-Muito menos eu-me olhou sorrindo safado e me puxando para um beijo

Acabamos indo dormir tarde, pois tivemos uma noite muito prazerosa juntos, e em meio a latidos do meu cachorro e batidas na porta do meu quarto, eu acabei acordando.

-Beca?-Mari batia na porta-ta acordada?-batia de novo-Beca?

Olhei para o lado e meu namorado ainda dormia, meio sonolenta me levantei, e coloquei meu robe, para ir abrir a porta.

-Oi-disse sonolenta a olhando e Bruno entrou com tudo no meu quarto, pulando em cima da cama
-Beca, o Luan está vindo-disse eufórica
-Até que enfim-disse bocejando-então boa sorte amiga-disse indo voltar para a cama
-Beca, você não entendeu, o Luan está vindo aqui
-Aqui onde? aqui em casa?-a olhei finalmente despertando e ela assentiu-ficou maluca?-disse fechando a porta do meu quarto-o Fábio ta aqui, e não sabe dessa história toda de vocês dois serem irmãos
-Eu não pude fazer nada Beca, ele apenas avisou que iria vim aqui para descobrirmos o resultado juntos e...
-Marina-respirei fundo após interrompe-la, pois não sabia o que dizer
-Acho melhor contar a verdade para ele Beca, eu sei que ele vai entender-disse me olhando e eu respirei fundo ouvindo Fábio me chamar, pois com certeza Bruno o acordou com latidos e lambidas pelo rosto
-Isso é uma coisa sua Marina, não acho certo eu ter que contar sobre os seus assuntos para o meu namorado

Entrei em meu quarto fechando a porta na cara dela, e já vi Bruno em cima do meu travesseiro, e meu namorado com cara de sono alisando o meu cachorro.

-Bom dia amor-sorriu se sentando na cama e colocando seu óculos
-Bom dia-sorri me sentando ao lado dele-Fábio, preciso te contar uma coisa
-Você ta gravida?-me olhou sério e eu comecei a rir
-Claro que não, meu anticoncepcional ta em dia
-É que você nunca falou sério assim, e eu pensei que sua menstruação estava atrasada
-Eu que suspendo minha menstruação ás vezes, e isso não vem ao caso
-Fico mais aliviado-ele riu me olhando
-Mas eu preciso te contar uma coisa séria sim, mas é em relação a Marina-disse isso e ouvi a campainha tocar, fazendo minha barriga gelar
-Ela ta grávida?-me olhava sério e sem entender nada
-Fábio, ninguém esta grávida, que saco-disse já irritada-e antes que comece a criar paranoia com assuntos paralelos, só queria te informar que a Mari pode ser irmã do Luan Santana, e antes que me pergunte, sim, é aquele cantor babaca que transou comigo naquela festa e me abandonou sozinha no hotel, no dia que nós dois brigamos
-Quanta informação-me olhou sério, e logo escutamos vozes na sala-impressão minha ou você me contou isso só agora, porque esse mesmo cara, esta aqui na sala nesse instante?
-Desculpa-o olhei sincera-mas isso não é culpa minha, só não te contei antes porque a Mari queria segredo, e...
-Tudo bem Rebeca-ele se levantou sem me olhar e foi colocando suas roupas
-Amor, não age assim comigo
-Eu não culpo você por nada, eu culpo a mim, por sempre acreditar que você é sincera comigo, por ser esse bobo apaixonado por você, ceder as suas vontades e esperar por anos para conseguir apenas um beijo seu, depois de você já ter se cansado dos caras babacas e com status, e olhar pra mim como uma opção de não ficar sozinha
-Fábio, não fala assim, você sempre foi alguém importante e especial pra mim, desculpa se eu demorei perceber que a nossa amizade era algo a mais para você
-Ta tudo bem Rebeca-disse pegando suas coisas e ajeitando seu óculos após se trocar-melhor eu ir embora, esfriar a cabeça, e depois a gente conversa
-Só não esquece que meu namorado é você-disse o olhando magoada e ele saiu do quarto-eu faço tudo errado-deixei lágrimas cair e senti Bruno subir em meu colo-o que eu faço agora Bruno?-olhei para o meu cachorro que apenas lambeu o meu rosto em sinal de carinho

Depois dessa pequena discussão com o meu namorado, eu não queria sair do quarto e saber o que rolava lá fora, tomei um banho rápido, coloquei uma roupa mais confortável e comportada, peguei meu cachorro no colo, e quando tomei coragem de ir para a sala, vejo Luan, Mari, Fábio e umas pessoas que não conheço sentadas em meu sofá conversando.

-Finalmente apareceu-Luan soltou assim que me viu, e vi que Fábio não gostou
-Oi gente-acenei para todos e fui me sentar ao lado do meu namorado
-Foi um prazer conhecer vocês, mas já estou indo-disse Fábio se levantando
-Te acompanho até lá fora amor
-Não precisa Beca, eu já sou de casa-disse saindo do apartamento e me deixando com cara de taxo na frente daquelas pessoas estranhas
-Então, agora que a sua amiga apareceu, está pronta para saber o resultado?-disse Luan olhando para Mari, e eu olhei para a minha amiga sem entender nada
-Eu esperei por dias esse resultado, então está mais do que na hora de saber-disse Mari vindo se sentar ao meu lado e segurando em minha mão-Beca, meu apoio sempre foi você-sussurrou pra mim
-Vai dar tudo certo-sorri a olhando, porém não entendendo nada que acontecia ali

Pelo o que entendi, Luan e algumas pessoas responsáveis pelo exame vieram até aqui para ser um ambiente mais confortável para Mari em descobrir o resultado do DNA, e mesmo não sendo algo relacionado a mim, eu podia sentir meu coração acelerar ao ver abrirem aquele envelope lacrado, e minha amiga apertava tão forte minha mão, que mesmo não gostando de Luan, eu desejava a ela que aquele resultado fosse positivo, pois ela merecia a felicidade de encontrar sua família.

-E então?-Mari perguntou ao ver um homem analisar o resultado
-E então?-Luan também questionou, e o homem finalmente os olhou
-O resultado do exame de DNA afirma que... há 99,9% de chances de Luan Rafael Domingos Santana e Marina Vitória Lima serem irmãos, sendo assim, teste positivo

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Finalmente o resultado saiu, e agora o que virá pela frente? comentem ai quem está acompanhando a história, beijos.





2 comentários:

  1. Tinha que ser positivo, agora não vejo a hora da Beca e o Luan ficarem sozinhos e resolverem esse assunto de quando ele a abandonou.

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  2. Esse Fábio é um pela saco, quando ele sai da fic? 😂😂😂

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