domingo, 11 de outubro de 2020

Capitulo 43 - Dias turbulentos.

*Bruna on.

As coisas entre o meu irmão e a Rebeca sempre foram muito bagunçadas, e agora que ela está grávida dele, eu não estava mais aguentando guardar toda a verdade, todos os segredos, e ver os dois fingirem elaborar um casamento perfeito com a Jaqueline e o Fábio, era insano, coisa de louco, mas se os dois que estão nessa situação não tomam nenhuma atitude, não sou eu quem vou tomar. E as coisas só pioravam mais e mais a cada dia, pois do nada o noivo da Rebeca convocou um jantar entre amigos para anunciar que eles finalmente iriam se casar, convidou todos para serem padrinhos, e eu tentei disfarçar ao máximo o quanto estava desconfortável com toda aquela situação, pois já passou do cúmulo do ridículo o Luan e a Beca continuarem fingindo que nada acontece entre eles, que eles não vão ter uma filha, ou uma nova responsabilidade juntos, e eu só fingia costume para não gerar nenhuma confusão, pois a vontade de expor os dois e acabar com o fogo de palha era grande, principalmente agora que tem a minha sobrinha no meio, pois ela nem nasceu e mal sabe que está no meio de um fogo cruzado, de uma história toda errada e maluca.

-Amor, você está bem? ficou toda estranha durante o jantar, e ainda está estranha-disse Raphael me olhando, enquanto tentava me beijar, e eu mal o dava atenção, com os meus pensamentos longe
-Coisas de mulher-suspirei o olhando e o dei um selinho-desculpa, não quero descontar nada em você
-Quer conversar?-perguntou todo fofo entrelaçando nossas mãos e sorri negando
-Sei que você está disposto a me ouvir, mas são apenas besteiras, então não se preocupe
-Como você é muito reservada, e ainda não é de se abrir comigo, vou respeitar o seu espaço-sorriu me dando um selinho e assenti
-Obrigada por compreender, te amo muito sabia?
-Eu amo mais-disse me puxando para um beijo cheio de amor e carinho

Fiquei aproveitando um pouquinho o tempo com o meu namorado, mas logo ele teve que ir embora, pois ele teria treino de manhã, e jogador precisa evitar algumas coisas nessa fase de jogos incluindo sexo, então tento o compreender, e ele prefere ir dormir na casa dele, também demonstrando o quanto ele me respeita. Acompanhei o meu namorado até a parte de fora da minha casa, me despedi dele, e voltei para dentro disposta a deitar e dormir, pois o dia foi cansativo. Estava seguindo para o meu quarto, quando ouvi o barulho de algo caindo no chão no quarto do meu irmão, e aquilo me pareceu estranho, pensei em deixar quieto pois ele estava com a Jaqueline, e sei que ela odeia que alguém invada a privacidade deles, mas eu sentia de alguma forma que precisava ver se o Luan estava bem, então bati algumas vezes na porta do quarto dele, não obtive resposta, e mesmo sabendo que era errado, abri a porta para ver se eles estavam bem.

-Pi, desculpa abrir, mas estou entrando...-anunciei enquanto abria a porta e me assustei ao ver o meu irmão caído no chão, com uma espuma branca saindo pela boca-Luan, você está bem? Luan?-o sacudia desesperada não o vendo reagir, então comecei a chorar e ao olhar em cima da cama, vi Jaqueline caída e totalmente imóvel e espumando como ele, o que me deixou apavorada-SOCORRO, MÃE, PAI, SOCORRO...-comecei a chorar e a gritar desesperada até os meus pais aparecerem no quarto do meu irmão
-O que foi Bruna?-meu pai apareceu todo assustado juntamente com minha mãe, que já entrou chorando desesperada ao me ver ajoelhada no chão abraçando o meu irmão
-Luan, meu amor, filho... ai meu Deus, de novo não-minha mãe só chorava o sacudindo-LUAN, ME RESPONDE
-O que aconteceu aqui?-meu pai olhava para os lados procurando uma resposta e viu Jaqueline sobre a cama, tentou a sacudir e nada-o que eles fizeram meu Deus?-meu pai era um homem muito duro, sistemático, e eu raramente o via chorar, mas dessa vez ele chorou
-Meu filho não... porque?-minha mãe chorava abraçando o meu irmão e eu também só conseguia chorar, sem entender nada
-O que aconteceu aqui Bruna? pelo amor de Deus, você viu ou ouviu alguma coisa?-meu pai perguntou desesperado
-Eu não sei... ouvi algo caindo, parecia uma pessoa caindo no chão, e então vim ver o que aconteceu, ninguém me respondeu, então entrei e encontrei eles assim...-deixei lágrimas cair
-Liga para a emergência Amarildo, por favor...-minha mãe o implorou em meio ao choro, e meu pai também estava perdido em meio a toda essa situação
-Cadê o Raphael ou alguém para fazer isso? não estou com cabeça para pensar em nada-meu pai me olhava perdido
-Vou tentar ligar-disse me levantando do chão, tentando me recompor, e ser forte pelos meus pais, pois nunca os vi tão perdidos e desolados

Com muito custo consegui ligar para a emergência, e claro que eu nem me toquei na gravidade que isso iria causar, devido o meu irmão ser o famoso Luan Santana, no momento eu só queria pensar em salvar o meu irmão, mesmo com medo de ser em vão, por vê-lo totalmente desfalecido, sem reação e com a aparência pálida. Por sorte logo a equipe de emergência chegou, e foi um caos total na minha casa, primeiro eles foram ver os sinais vitais do meu irmão e da Jaqueline, nos fizeram milhões de perguntas que nenhum de nós soube responder, e pela expressão do rosto deles, parecia que já era tarde demais. Todos seguimos para o hospital, e ficamos aguardando por notícias dos médicos, mas antes de algum médico, enfermeiro, ou alguém do hospital aparecer para nos dar uma resposta, apareceu uma equipe policial, o que nos fez gelar, vendo que a proporção disso seria muito, muito, muito maior e mais grave.

-Boa noite família, será que vocês poderiam nos relatar como era a relação do casal?-perguntou um policial com posição de investigador, e minha mãe só chorava abraçada ao meu pai, então mais uma vez eu teria que ser a porta voz da família
-Bom, eles se davam bem-disse enxugando minhas lágrimas e tentando prestar atenção nas perguntas
-Estão juntos há muito tempo pelo o que já soube-disse o policial
-Sim, até de casamento marcado-suspirei me lembrando da burrice do meu irmão
-E eles estavam enfrentando algum problema na relação?-me encarava o tempo todo, e seria difícil mentir para alguém como ele
-Acredito que como todo casal, eles tinham alguns desentendimentos
-Mas sabe o nível dos desentendimentos?-me encarou-algo a ponto de um querer envenenar o outro?-disse me mostrando um frasco de veneno dentro de um saco plástico e fiquei imóvel, totalmente sem acreditar na crueldade que tiveram
-Não sei dizer...-realmente estava em choque, enquanto o policial me encarava
-Uma equipe ainda está investigando indícios de possível homicídio, seguido de suicídio na sua residência-me informou como se fosse super natural uma equipe policial investigando e vasculhando a minha casa-e assim que recebemos a informação da equipe do hospital sobre o possível envenenamento, não foi difícil encontrar esse frasco embaixo da cama do quarto do suspeito e...
-O meu irmão nunca iria fazer isso-o defendi-se tem alguém suspeito nessa história é a louca da Jaqueline, que já tentou várias vezes se matar, sempre ameaçou o meu irmão com isso, fazendo chantagem emocional e...
-Ótimo, era o que eu precisava ouvir-disse o policial ainda sério digitando algo em seu celular-vamos continuar com a investigação, e depois todos irão prestar depoimentos-olhou sério para mim e apontou meus pais, que nem devem ter prestado atenção na conversa, pois estavam afundados em sua tristeza particular
-Eu odeio aquela vaca-disse deixando lágrimas cair ao entender tudo o que aconteceu

Passou meia hora desde que chegamos no hospital, e que o policial falou comigo, quando apareceu um médico para conversar com a família em particular, e minha mãe já estava sem forças de tanto chorar, esperando pelo pior.

-Não sei como dar essa notícia, mas preciso ser direto e franco com vocês-o médico nos encarou sério-a mulher que deu entrada aqui no hospital, infelizmente faleceu-suspirou esperando nossa reação e minha mãe apenas o olhava perdida, enquanto eu e meu pai paralizamos-ela ingeriu uma quantidade muito grande de um veneno altamente tóxico, que a levou a uma crise convulsiva e uma parada cardiorrespiratória, então não tivemos o que fazer, por isso viemos comunicar a família, pois o corpo vai para autopsia-ele dizia tudo de forma fria, e com certeza para ter essa profissão tem que ter sangue frio-já o homem, também foi constatado veneno em seu organismo, mas em uma quantidade mínima, que o levou apenas a uma convulsão, mas devido o impacto que ele sofreu ao cair no chão, houve uma fratura no crânio, e como o tempo para chegar até o hospital foi essencial para o salvar, conseguimos o colocar em um coma induzido-disse nos olhando e minha mãe chorava aliviada, porém preocupada
-Meu filho... está em coma?-minha mãe o olhava perdida
-Sim, foi o máximo que conseguimos fazer por ele-o médico suspirou-conseguimos conter a perda de sangue, ele ainda irá passar por uma cirurgia na cabeça para evitar complicações, alguns exames de toxidade, ressonância, e vamos mantê-lo nos aparelhos até o organismo dele liberar para fora o veneno ingerido, ou ele começar a reagir, mas lamento a morte da jovem, meus pêsames-disse o médico acenando para nós com a cabeça e voltando para dentro de onde saiu
-O meu filho em coma-minha mãe chorava sem acreditar-como isso foi acontecer meu Deus?-olhava para o alto
-Mãe, pelo menos o meu irmão ainda está vivo-sorri em meio as lágrimas-mas a Jaqueline não teve a mesma sorte, e de certa forma foi o melhor-suspirei pensativa
-Precisamos comunicar a família dela-disse meu pai-logo isso vai vazar e sair na impressa, e nos sites de fofoca comunicando o que aconteceu, que o Luan está em coma, que a noiva dele morreu, tudo tão perto do casamento-meu pai já estava ficando pilhado
-Pai, não vamos pensar nisso agora, a gente já tinha noção que uma hora ou outra a bomba iria explodir para a imprensa, mas vamos focar na saúde do meu irmão, na recuperação dele, porque a equipe do Luan é muito bem treinada para esse tipo de situação, eles sabem lidar com a maldade dessa imprensa maldita
-Meu filho acabou de afundar a própria carreira, depois disso tudo...-meu pai pensava alto, e estava frustrado
-Amarildo, para de pensar em fama, em carreira, é a vida do nosso filho que está em risco, ele está em coma agora, você sabe a gravidade disso?-minha mãe o encarou deixando lágrimas descer e ele suspirou a abraçando
-Me desculpa-ele a abraçou e beijou a testa dela-é que eu sou pai, e empresário do Luan, tenho que lidar com as duas coisas de uma vez
-Não está sendo fácil para ninguém, mas por favor, vamos manter a calma, vamos rezar pela vida do meu irmão, que o resto vai vir como consequência mesmo-suspirei os olhando
-Precisamos avisar a Marina-disse minha mãe-ela precisa saber o que aconteceu, quero a minha filha perto de mim-minha mãe voltou a chorar e respirei fundo
-Mãe, eu vou ligar para a Mari, mas tenta se acalmar, toma uma água e fica sentada com o meu pai em algum canto

Deixei os meus pais sentados na sala de espera que estava totalmente reservada para nós, e fui em um canto qualquer ligar para Marina, mas também pensando em Rebeca, pois a minha irmã está no apartamento da nossa amiga, que está grávida do meu irmão, e eu não sei como ela vai receber a notícia que o pai da filha dela está em coma.

*Marina on.

Como eu ainda estava de férias, mas elas já estavam no fim, ouvi Fábio ligando para o meu namorado Gabriel, e sei que os dois além de primos, se tornaram muito amigos, então soube que o Fábio queria a nossa presença em São Paulo, e de imediato meu namorado aceitou, pois ele sabia que eu já estava querendo viajar para sampa para ver a minha amiga e a minha família. Chegamos de surpresa em São Paulo, e entramos no apartamento da Rebeca após ela ter tomado banho, a pegando de surpresa, claro que a abracei apertado, e fiquei toda feliz vendo como ela estava linda grávida, a barriga crescendo, e a minha sobrinha barra afilhada se desenvolvendo bem e saudável. Em meio as conversas com os nossos amigos, e a mãe de Beca que estava ali preparando o jantar para nós, ouvimos a campainha tocar, e foi uma surpresa ver que eram os meus irmãos, chegando com Jaqueline e Raphael de companhia, me fazendo ter certeza que aquilo não iria acabar bem. Antes do jantar Fábio anunciou o motivo de ter chamado todo mundo, e a notícia não poderia ser menos bombástica do que eu esperava, pois ele queria todos como padrinhos de casamento, incluindo o meu irmão e a noiva dele, sem fazerem ideia de tudo o que rola entre ele e a Beca, e muito menos que a filha da minha amiga é do meu irmão. Mesmo vendo que o clima pesou entre Beca e Luan, após os dois terem uma conversa a sós na cozinha, que eu e Bruna garantimos, enquanto enrolávamos os outros, á noite por fim, acabou bem.

-Estou completamente apaixonada nas roupinhas e no enxoval da minha sobrinha-estava babando ao ver tudo o que a Beca comprou e ganhou, junto com ela e a sua mãe
-Eu também Mari, são muito fofos-disse Beca segurando uma mantinha de carneirinho e a abraçando-minha filha com certeza vai ficar linda com tudo isso
-E estilosa também, com os laços que a vovó comprou-disse a mãe da Beca fazendo questão de mostrar os laços que comprou para a neta
-Mãe, não vou colocar esses laços exagerados na minha filha, ela ainda nem nasceu e a senhora já quer deixar ela fantasiada para o carnaval-disse Beca rindo
-Filha, não desfaça dos laços que eu dei para a minha neta, porque quando eu estiver com ela, vou fazer questão de colocar-disse dona Vera
-Ainda bem que eu sempre vou estar por perto-Beca riu de canto-ta ouvindo filha, a sua vó está querendo te deixar igual o carro alegórico do laço
-Que exagero amiga-ri da forma de Beca falar-eu acho lindo bebês com laços
-Então quando tiver os seus, você enche de laço, aproveita e embrulha como presente para a dinda aqui-riu apontando para si-porque se você for madrinha da minha filha, eu vou ser da sua, que ainda nem nasceu
-Claro que vai, ser tia barra madrinha não é fácil, mas é tudo de bom-sorri alisando a barriga dela-titia já ama tanto essa bonequinha
-A vovó ama muito mais-disse dona Vera alisando e beijando a barriga da minha amiga que revirava os olhos, pois reclamava do grude da mãe dela quando estava por perto
-Sei que as duas amam interagir com a minha filha, que ainda nem nasceu, mas eu ainda carrego ela e preciso descansar-disse Beca bocejando-hoje o meu dia foi cansativo, então preciso dormir
-Boa noite amiga, descansa-me despedi dela
-Boa noite para vocês, porque eu já vou dormir-bocejou de novo-avisa para o Fábio que já estou deitada-alisou a própria barriga entrando em seu quarto, enquanto eu e a mãe dela seguimos para a sala, onde o meu namorado e Fábio estavam conversando
-A Beca já foi dormir, e mandou te avisar-disse olhando para o noivo dela
-Ela está dormindo cedo mesmo-ele riu-coisas de grávida

Ficamos mais um pouco conversando, até dona Vera ir dormir, e depois Fábio, pois ele tomou remédio para dor nas pernas, e logo sentiu sono após a medicação. Mesmo querendo aproveitar o momento a sós com o meu namorado no sofá da minha amiga, seguimos para o quarto de hospedes e fomos dormir, ou tentar, pois eu estava com um pressentimento ruim, algo pesado dentro do meu peito, um aperto forte, e eu só conseguia pensar no meu irmão, sem saber o porque. Vi Gabriel dormir tranquilo, mas eu estava me sentindo muito mal, sem sono, então me levantei e fui na cozinha preparar um chá para tentar dormir, e me assustei com Bruno aparecendo na cozinha, ele é muito esperto, e mesmo estando dormindo com Rebeca, ao ouvir barulho na cozinha ele já corre para ver o que é. Tomei o meu chá com a companhia de Bruno, que ganhou umas bolachinhas por estar comportado, e assustei ouvindo o meu celular tocar, ao ver que era a Bruna, minha irmã, fez aquela sensação voltar com tudo mais uma vez, e por achar que era urgente a atendi.

*Ligação.

-Oi Bru, tudo...
-Tudo péssimo Mari-disse Bruna chorando do outro lado, e meu coração acelerou
-O que aconteceu?
-O Luan está em coma-disse chorando muito e eu não podia acreditar
-O meu irmão em coma? como assim?
-Não sei muito bem Mari, só precisava te avisar, porque a nossa mãe está desolada, e querendo sua companhia
-Posso imaginar-suspirei-vocês estão onde? em um hospital?
-Sim, se puder vir...
-Agora não sei se posso-respirei fundo-mas vou dar um jeito de ir ver vocês, ficar com a nossa mãe...-suspirava com o coração na mão
-Vem logo Mari, por favor-a ouvi chorando baixinho-precisamos de você aqui, pois você é parte da nossa família...
-Eu sei Bru, me passa certinho o endereço, que vou dar um jeito de ir até ai...

*Ligação.

Mesmo atordoada, nervosa e preocupada com tudo o que soube, Bruna me passou o endereço do hospital, e eu precisava ir imediatamente para lá, apenas me troquei, me certifiquei que Gabriel e todos os outros estavam dormindo, e saí do apartamento com o máximo de silêncio possível, mesmo sabendo que logo a notícia vai correr e apavorar todo mundo, principalmente Rebeca, que está grávida, e precisamos elaborar uma forma mais tranquila para contar tudo a ela. Por ser altas horas da madrugada, foi difícil conseguir um uber que me levasse até o hospital, por sorte o transito naquele horário era mais tranquilo, então não demorei chegar, e fui direto encontrar a minha família, estavam todos chorando muito, principalmente a minha mãe, que chorou mais ainda ao me ver.

-Minha filha, não sabe o quanto me alivia ter você aqui-disse me abraçando apertado enquanto deixava lágrimas cair
-Sei que sim-disse também deixando lágrimas rolar, dentro daquele abraço
-Mari, que bom que está aqui-disse Bruna me olhando aliviada, com o rosto inchado de tanto chorar
-Eu não podia deixar vocês sozinhas nesse momento, o Luan é a minha outra metade, como ele mesmo diz...-comecei a chorar me lembrando dele-como isso foi acontecer Bru? ele que é tão forte e saldável, o que...
-A Jaqueline o envenenou-disse com ódio-é o que tudo indica-respirou fundo-e para piorar, ela se matou em seguida, então foi uma catástrofe atrás da outra
-A Jaqueline está...-disse perplexa
-Morta-Bruna completou suspirando-pelo menos assim ela nunca mais envenena o meu irmão, foi tarde aquela bruxa...-dizia cheia de raiva e nossa mãe a cortou
-Bruna, não é momento para rancor e ódio minha filha, é horrível o que aconteceu com ela, e com o seu irmão-disse serenamente, com lágrimas no olhar-se foi ela quem fez tudo isso, Deus vai mostrar, porque eu sei que o meu filho jamais faria esse tipo de coisa
-O Luan é a pessoa mais bondosa desse mundo, não merecia isso-disse indignada-se essa Jaqueline tentou acabar com ele, a única que se prejudicou foi ela mesma, que agora está morta, e nem vai poder se defender, ou inventar história-suspirei pensativa
-O Amarildo está tentando ligar para os familiares dela-disse minha mãe o apontando em um canto isolado do corredor, falando sério ao telefone-vamos passar por momentos turbulentos e por muita dor de cabeça-suspirou alto-mas o que eu preciso para estar forte durante essa tempestade que se aproxima, está bem aqui-sorriu em meio as lágrimas olhando para mim e para Bruna-vamos orar pelo irmão de vocês, porque eu não quero sentir a perda de um filho mais uma vez...-voltou a chorar e eu e Bruna a abraçamos
-Prometo para a senhora, que você nunca mais vai perder ninguém mãezinha-disse Bruna toda carinhosa com ela-eu e a Mari vamos cuidar da senhora, e te fortalecer, até o nosso irmão acordar
-Conta com a gente, estamos com você nessa dona Marizete-a olhei sincera e enxuguei as lágrimas dela-ou melhor... mãe-me arrisquei em chama-la de mãe pela primeira vez e ela me olhava sem acreditar
-Esperei tanto por esse momento minha filha-chorou de emoção-meus filhos são tudo para mim-puxou eu e Bruna para mais um abraço, e ali dentro eu sabia que estava no lugar certo

Foi uma madrugada horrível, passamos em claro, aguardando notícias sobre o estado do meu irmão, e sobre a autopsia do corpo de Jaqueline, além de já ter pessoas da imprensa na porta do hospital especulando o que aconteceu, devido a nota que o Luan estava no hospital, da investigação policial na casa dos Santana, e uma possível briga entre ele e a noiva, que até então tentávamos evitar soltar a nota que ela havia falecido. Era por volta das sete horas da manhã, e eu estava sentada no sofá da sala de espera, escorada no ombro da minha mãe, que cochilava devido o cansaço, quando o meu celular começou a tocar e vi que era Gabriel, respirei fundo, e mesmo receosa sabendo que ele era do meio jornalístico e da imprensa, mas ele também era o meu namorado, e ele precisava saber o que estava acontecendo, sem contar que eu queria muito estar abraçada com ele, para ele me dar forças.

-É o Gabi-suspirei apontando para o celular, vendo que Bruna me olhava pois também tentava cochilar escorada no senhor Amarildo, em um outro sofá
-Melhor atender-Bruna suspirou-uma hora ou outra todos vão saber
-Só não quero causar tumulto aqui dentro
-Pede para ele vir sozinho, e ser discreto, vai ser melhor contar a ele pessoalmente-Bruna me orientou e assenti

Como a ligação havia caído, resolvi retornar a ligação do meu namorado, indo para um canto afastado da minha família, e ele atendeu de imediato.

*Ligação.

-Oi Gabi, eu...
-Marina aonde você está? pelo amor de Deus, você sumiu, nem me avisou nada e...
-Calma amor-respirei fundo tentando o tranquilizar-desculpa não te avisar nada, é que foi algo urgente com a minha família-suspirei
-Com a sua família? está na casa deles?
-Não Gabi, tô em um hospital-respirei fundo-e antes de me questionar qualquer coisa, vou te mandar a localização, tenta vir discretamente, e por favor, se a Beca estiver acordada, não fala nada para ela
-Marina quer me matar do coração? está em um hospital? e você me pede calma e descrição?
-Por isso mesmo Gabriel-respirei fundo-não fica me questionando amor, vem para cá, e te explico tudo
-Amor, você está bem?
-Eu estou sim, na medida do possível-respirei fundo-mas vem para cá agora, porque de certa forma, vamos precisar de você...-suspirei olhando para o senhor Amarildo, que não teve descanso, com o celular tocando toda hora com pessoas da imprensa e da equipe do Luan o ligando
-Tudo bem, estou indo, e vou tentar sair daqui sem ninguém me questionar nada
-Obrigada meu amor, e por favor, não conta nada para a Rebeca, se ela perguntar de mim, ou onde você está indo, fala que estou na casa da minha família e desconversa qualquer coisa
-Não estou entendendo nada-ele começou a rir-mas se a sua amiga estiver acordada, vou tentar enrolar ela, e sair discretamente, como você pediu
-Agradeço profundamente se fizer isso, mas agora precisam de mim-suspirei vendo minha mãe acordar-beijos...

*Ligação.

Nem esperei ele me responder e desliguei, voltando a me sentar com minha mãe, que estava com uma aparência abatida e péssima.

-Quer tomar uma água? um café?-a perguntei
-Acho que só uma água-suspirou olhando para o nada
-Eu pego para a senhora

Peguei água para a minha mãe, e ela bebeu só um pouco, pois com certeza estava sem ânimo até para se alimentar, ou tomar uma simples água. Meu namorado demorou cerca de duas horas para chegar no hospital, me garantindo que saiu antes de Rebeca acordar, e que avisou dona Vera, que foi a única a acordar cedo, que eu e ele estávamos na casa da minha família. Tirei um tempo para conversar com ele e explicar a situação, o deixando chocado, senhor Amarildo estava com a cabeça cheia de problemas, muito pilhado, e Gabriel se ofereceu para ajudar a cuidar da imprensa, o que com certeza aliviaria as notícias e a forma que sairiam nos sites de fofocas, jornais e internet.

*Rebeca on.

Estava tentando disfarçar o meu mal estar, após o jantar que o Fábio organizou sem me comunicar, tentei ao máximo mostrar que estava tudo bem comigo na frente dele, da minha mãe, e dos nossos hospedes, já que Marina e Gabriel preferiram ficar no meu apartamento, não reclamei pois gosto da presença da minha amiga, mas era um pouco incomodo, pois eu gostava de ter a minha privacidade, sem contar que ali era pequeno demais, comparado a casa da família da Mari, e ela poderia muito bem ter ido para lá com o namorado dela, que é todo folgado e espaçoso, pois fica bebendo, jogando vídeo game e conversando alto com o Fábio. Fui dormir mais cedo, sentindo minha filha mexer, espremer minha bexiga, e me deixar extremamente cansada, mas ao deitar na cama eu não conseguia dormir, pensava em Luan, sem entender o porque, e a minha filha estava mais inquieta que o normal, mas devido todo o cansaço da gravidez e o estresse diário, tomei um calmante natural que o meu médico receitou, pois me ajuda a dormir melhor, e apaguei, mesmo sentindo que algo ruim aconteceria.

-Bom dia filho-acordei com as lambidas de Bruno e vendo a cara gorda dele em cima de mim-e filha-sorri sentindo minha pequena já se mexendo toda-vocês dois parecem ter combinado, de me acordarem agora
-Acho que isso faz parte-levei um susto com Fábio acordado, e sorrindo para mim-bom dia amor-rolou com dificuldade sobre a cama e veio me dar um selinho
-Bom dia-sorri de canto o olhando-dormiu bem?
-Sim, depois que tomo os meus analgésicos eu apago
-Digo o mesmo, com aquele calmante da folha de maracujá que o meu médico receitou, não sei se depois que a bebê nascer vou poder tomar, porque corro o risco de nem escutar ela chorando-ri com os meus pensamentos e senti ela me dar um chute-tô brincando meu amor, não precisa chutar forte
-Essa menina já é toda decidida e mandona, igual você-ele riu se abaixando-bom dia amorzinho do papai-beijou minha barriga e suspirei, pois não era legal ele ficar se iludindo dessa forma, precisava o contar a verdade logo-minha princesinha, eu te amo mais que tudo nesse mundo-ele enchia a minha barriga de beijos, e eu sentia a minha filha se mexer
-Sei que ela é amada, mas preciso levantar-disse me espreguiçando e ele riu me abraçando, e colando nossos corpos
-Também preciso levantar, e de uma ajudinha no banho-sorriu safado beijando meu pescoço-vamos?-respirei fundo sentindo ele cheio de carinho comigo
-Vamos-respondi o olhando e ele sorriu-mas você precisa aprender a se virar sozinho Fábio, não vou poder ficar te ajudando sempre, olha o tamanho da minha barriga, não estou aguentando nem eu mesma
-Isso é por pouco tempo amor, logo estarei recuperado, tenho certeza-sorriu confiante

Eu estava ajudando Fábio praticamente todos os dias, a tomar banho, se vestir, e em algumas coisas básicas que ele não conseguia realizar sozinho, e sempre que eu tomava banho com ele, sabia que ele queria ir além, mas como eu não estava me sentindo atraída por ele, minha barriga estava me deixando gorda e desconfortável, e como a cadeira de banho dele ocupava quase todo o box, não tinha tempo para rolar nada, nem se ele quisesse. Após o nosso banho, Fábio se vestiu primeiro e seguiu para a sala, enquanto eu ainda fiquei olhando para o meu closet, vendo o que me caberia, quando senti uma fisgada em minha barriga, tive que respirar fundo, me sentar, e do nada me veio uma angustia, um sentimento ruim, e eu pensei em Luan, isso não estava certo, pois eu e a minha filha sentíamos a mesma coisa, devido a inquietação dela dentro de mim. Esperei um tempo para me recuperar, afinal eu tinha medo de sentir qualquer coisa, desde que tive aquele sangramento, sei que a minha gravidez tem um certo risco, por isso tenho tentado evitar esforços e estresse ao máximo, até quando acontecem de forma inevitável, e é esse um dos motivos que tomo calmante para dormir, pois não posso passar estresse.

-Bom dia, que bom que a senhora faz o que eu gosto-disse entrando na cozinha e já sentindo o cheiro de muffins
-Realmente a minha sogrinha tem me surpreendido-disse Fábio tomando um gole de café-nunca imaginei que a senhora era boa na cozinha
-Sei fazer uma coisa ou outra, e não tem nada que a internet não ensine para a gente hoje em dia-disse minha mãe jogando mel em cima dos meus muffins
-Dona Vera sabe cozinhar, e cozinha quando quer, é a realidade-ri a olhando-mas não precisa ficar me mimando desse jeito mãe, assim eu me acostumo em ter a senhora aqui
-Iria adorar ficar-disse minha mãe toda feliz
-Mas a senhora tem o meu pai no Rio, sua escola, suas amigas...-comecei a enumerar e ela suspirou
-Você sempre me lembrando que tenho a minha vida no Rio, assim penso que não me quer aqui, minha filha-me olhou chateada e suspirei
-Mãe, não me interprete errado, é que a senhora tem as suas responsabilidades e a sua vida por lá, claro que tem sido bom esses dias com a senhora aqui, mas isso não vai ser para sempre-disse a realidade-então não fica chateada, pois estou certa
-Que a sua filha não seja ingrata como você-suspirou me olhando-mesmo não sendo a melhor mãe do mundo, sempre fiz de tudo por você Rebeca, e agora que quero estar perto de você nesse momento importante, que você vai ser mãe, sou sempre ignorada, vista como exagerada...
-Mãe, não é isso-respirei fundo a interrompendo-Fábio, me da uma ajuda-o implorei com o olhar, e ele estava todo perdido
-Não vou dar razão a nenhuma das duas, mas vocês são mãe e filha, precisam se entenderem melhor-disse nos olhando
-Tem sido ótimo a companhia da senhora, me desculpa-suspirei a olhando, pois eu não queria causar uma briga com a minha mãe logo cedo
-Sei que os hormônios tem falado por você, e me desculpa se tenho sufocado você de alguma forma-ela me olhou e sorriu de canto-as duas estão erradas, mas pelo menos reconhecemos isso, certo?
-Certo dona Vera-sorri comendo um pedaço do meu muffin-aliás, eu amei isso-comi mais um pouco-nem acredito que foi a senhora quem fez, quem te viu e quem te vê-ri de canto a olhando
-Decidi me dedicar mais ao meu lado mãe, e acho que devia ter feito isso antes, inclusive ter pegado mais no seu pé para aprender a cozinhar, porque sei que você vive de comida congelada, besteiras, comida rápida...-disse minha mãe, outra vez implicando comigo e revirei os olhos
-Mas comigo aqui ela tem se alimentado melhor, até porque eu não deixo ela comer qualquer coisa, agora que ela carrega um pedacinho nosso-disse Fábio me olhando todo bobo
-Por isso amo esse meu genro lindo-disse minha mãe toda feliz indo o dar um abraço e beijando o rosto dele-cuida mesmo da minha filha e da minha neta, porque quando se casarem elas vão ser responsabilidade sua
-Sempre cuidei sogrinha-disse Fábio-e pode ter certeza que eu vou cuidar muito bem da Beca, da nossa filha, e dos outros filhos que a gente tiver juntos-ele me olhava apaixonado, enquanto eu sorria amarelo, ouvindo os dois falando sobre mim
-Sei que sou amada, e cuidada por vocês, mas cadê a Marina e o Gabriel? ainda não acordaram?-perguntei me lembrando dos nossos amigos
-Eles saíram bem cedo minha filha, foram na casa da família da Marina-disse minha mãe-na verdade ela foi primeiro, e depois o Gabriel, porque quando acordei o vi se arrumando para sair e ele me avisou
-Pensei que eles ficariam aqui, pelo menos para tomar o café da manhã com a gente, e a vaca da Marina sequer me avisou que sairia cedo daqui
-Ela deve ter ficado com receio de te acordar cedo minha filha, então não se preocupe com isso
-Mas ela quis dormir aqui no meu apartamento, então não custava nada me avisar que iria para a casa da família dela, a Marina vacilou feio comigo-disse chateada com a minha amiga
-Relaxa meu amor, quando é assim, deve ser porque eles logo vão voltar, então não fica chateada com isso-disse Fábio me olhando, enquanto eu fazia bico
-Eu vou ligar para ela, para saber o porque ela saiu sem me avisar, a Mari sempre me avisava tudo, até se fosse na esquina
-Mas o tempo passou, as coisas mudaram, e ela agora é independente, não mora mais com você, então acho que ela não se sente na obrigação de te avisar aonde vai, até porque é a família dela, então de certa forma você iria saber que ela está lá-disse minha mãe
-Mesmo assim mãe, a partir do momento que ela escolheu dormir no meu apartamento, como minha hospede e minha amiga, não é certo ela fazer isso comigo-disse me levantando da mesa-vou conversar com ela, espero que ela tenha uma boa explicação
-Amor, pelo menos o Gabriel nos avisou, ou melhor, avisou a sua mãe-disse Fábio me olhando-porque está fazendo essa tempestade toda?
-Porque eu gosto das coisas certas, e bem explicadas

Segui para o meu quarto, decidida a ligar para Marina, porém estava com uma sensação estranha, e não sabia o porque tinha essa necessidade em ligar para ela, o meu sexto sentido dizia que tinha algo muito estranho acontecendo, começando pela forma que a minha amiga e o namorado dela sumiram, sem me comunicarem nada. Liguei para a minha amiga, e o meu coração estava com um aperto inexplicável, a minha filha estava inquieta, então me acomodei em minha cama, com travesseiros em volta, aguardando a minha amiga me atender, até que a ligação caiu, e eu só sentia esse aperto em meu peito ficar cada vez maior. Com um pequeno desespero se instalando em mim, comecei a ligar várias vezes para a Marina, até a ligação cair em todas elas, e eu não estava entendendo o que acontecia, então resolvi ligar para a Bruna, e a ligação foi cortada propositalmente, me deixando desconfiada de alguma coisa ruim. Como as duas estavam incomunicáveis, resolvi ligar para Luan, e o meu coração só ficou mais angustiado, vendo que o celular dele caiu na caixa postal direto, então cansada dessa palhaçada, esperei a moça com voz irritante da caixa postal me solicitar para enviar alguma mensagem, e resolvi falar:

-Luan, o que está acontecendo? está tudo bem? por favor, me responde, eu e a nossa filha estamos angustiadas sem notícias de vocês...-disse mais baixo olhando para a porta, com medo de minha mãe ou Fábio aparecerem-meu amor, assim que ouvir esse recado, me liga, porque só vou me aliviar ouvindo a sua voz, te amo Lu...-encerrei ao ouvir alguém abrindo a porta, e vi que era Bruno vindo todo sapeca e pulando em cima da cama, pois a porta ficou encostada, então ele a abriu sozinho

Respirei fundo pensando o que poderia estar acontecendo, e a minha filha estava muito inquieta dentro de mim, em sinal que ela também sentia que algo não estava bem, abracei o meu cachorro, e ele lambeu meu rosto, Bruno me olhava com uma expressão como se quisesse me acalmar, e deixei lágrimas cair, pois ele sempre ficava perto de mim quando eu não estava bem, ou algo não estava bem, ele era o primeiro a sentir e vir me consolar, e agora não estava sendo diferente, porque ele estava bem quietinho no meu colo, disposto apenas a me dar carinho, e dessa vez eu tinha a minha filha dentro de mim, que compartilhava do mesmo sentimento que eu, então eu precisava colocar a minha cabeça no lugar, respirar fundo, tentar aquietar o meu coração, para que eu e ela ficássemos bem.

-Não sei o que seria de mim sem você meu amor-abracei Bruno e ele me olhava concentrado-você é meu melhor companheiro, de todas as horas, e agora até a sua irmã sente o quanto você é especial para mim-sorri alisando minha barriga, e o colocando sobre ela-meus dois bebês-senti minha filha chutar, e Bruno latiu se assustando, pois estava deitado sobre mim-calma meu amor, é a sua irmã
-Filha, cuidado, você não pode colocar peso em cima da barriga-me assustei com a minha mãe entrando em meu quarto, e Bruno latiu
-Ele não é peso nenhum mãe, desde que engravidei ele sobe na minha barriga
-Mas não pode ficar deixando Beca, sei que ama o seu cachorro, mas todo o cuidado é pouco
-Ta bom mãe-revirei os olhos-mas não implica com ele-coloquei Bruno ao meu lado, e ele sentou colocando as patinhas sobre a minha perna
-E você tem que tomar cuidado para quando a bebê nascer, não pode deixar ele perto-minha mãe reclamava outra vez
-Mãe, o cachorro é meu, a filha é minha, será que não consegue me deixar em paz um segundo sem dar um palpite ou opinião?-a encarei-estou tentando ao máximo lidar com a senhora aqui a todo o momento no meu pé, porque você é grudenta, acha que tudo tem que ser da sua maneira, mas eu sei cuidar muito bem de mim sozinha, sei cuidar da minha gravidez, então que essa seja a última vez que a senhora me fala essas coisas, porque o Bruno é como um filho para mim, e a minha filha vai ser criada com ele, como irmãos, satisfeita ou não, eu não quero saber o que a senhora acha, que saco-disse começando a me irritar e ela apenas respirou fundo me encarando
-Desculpa Rebeca, não vou mais me intrometer na sua forma de criar o seu cachorro, de lidar com a sua gravidez, nem de fazer o que quiser com a sua vida, só tento fazer o meu melhor como mãe e...
-Então faça o seu melhor ficando quieta, e me deixando em paz
-Como quiser-suspirou me olhando e saindo do meu quarto
-Velha intrometida, mandona e grudenta, tomara que eu nunca seja assim com você minha filha, porque sei que é um saco-revirei os olhos conversando com minha filha, e senti ela dar um chute, o que fez Bruno latir outra vez, pois ele deve achar isso estranho-você também mocinho, não liga para o que aquela velha fala sobre você-disse o pegando no colo, enquanto ele estava todo sapeca balançando o rabo e me lambendo

Brinquei um pouco com o meu cachorro, conversei com a minha filha, e aquele sentimento ruim outra vez me invadiu, então resolvi ligar outra vez para a Marina, e após chamar várias vezes, ela finalmente me atendeu.

*Ligação.

-Oi Beca, desc...
-Oi Marina, finalmente me atendeu-disse irritada a interrompendo-espero que tenha uma boa desculpa, para ter ignorado as minhas ligações, e sequer ter me avisado que iria sair do meu apartamento
-Beca, juro que não tive intenção em te deixar irritada ou te assustar-falava de um jeito estranho, mas tentando parecer calma
-Está tudo bem?-perguntei desconfiada, e meu coração começou a acelerar, esperando pelo pior
-Ta... tudo sobre controle-a ouvi suspirar-mas e você como está? dormiu bem? e a bebê?
-Marina, não tenta desconversar-sentia ela estranha demais-por favor, me conta agora o que está acontecendo... Marina?-a chamei pois ela ficou muda do outro lado
-Oi Beca, é a Bruna, tudo bem?-ouvi Bruna no telefone, e ela estava tão estranha quanto a Marina
-Bruna, você e a Marina estão estranhas demais, primeiro as duas ignoraram todas as minhas ligações, e agora estão me enrolando nessa ligação porque?
-Porque nós estávamos resolvendo umas coisas...-disse parecendo pensar em algo
-Que tipo de coisas? é algo familiar? porque também tentei ligar para o Luan, e caiu direto na caixa postal dele e...
-Sim, é familiar-ela me interrompeu de uma forma brusca e estranha-mas Beca, se quiser conversar melhor com a gente, que tal tomarmos um suco? te mando a localização de onde vamos estar
-Ótimo-concordei de imediato-porque preciso saber o que vocês estão escondendo de mim
-Você vai vir sozinha?
-Sim, porque minha mãe está um saco, e não gosto de ficar carregando o Fábio, que só reclama por ter que usar a cadeira de rodas-revirei os olhos
-Melhor assim-a ouvi suspirar-então vou te mandar a localização, e pode vir tranquila, sem pressa
-Meio difícil, com todo esse mistérios de vocês, mas vou com calma, porque os meus pés estão me matando para dirigir-ri vendo os meus pés inchados
-Tudo bem, vamos estar esperando você Beca...

*Ligação.

Encerrei a ligação e fui me arrumar para encontrar as meninas, mas sentindo um aperto forte em meu peito, o coração angustiado, e a minha filha estava muito inquieta, sem contar que eu estava sentindo vontade de vomitar todo o meu café da manhã, devido a agitação da bebê dentro de mim, e de toda essa carga emocional estranha que eu sentia sem saber o porque.

-Vou sair com a Bruna e a Marina, não sei se volto para almoçar-disse avisando a minha mãe e Fábio que estavam na sala assistindo TV
-Pode ir tranquila minha filha, só me avisa se não vier almoçar mesmo-disse minha mãe
-Aviso sim-sorri colocando Bruno no colo de Fábio, pois ele estava no meu colo, querendo sair comigo, achando que eu iria passear com ele-cuida dele
-Como sempre cuidei-disse Fábio o segurando-e você se cuida, e tenha cuidado com a nossa princesa-se encurvou beijando minha barriga-amo vocês

Me despedi deles, e saí do meu apartamento seguindo a localização da cafeteria que as meninas me mandaram, mas achei estranho o endereço ser perto de um hospital, um dos mais renomados da cidade inclusive, e aquela sensação estranha, de que algo ruim acontecia só ficava mais forte, conforme eu chegava mais perto do local em que veria as minhas amigas. Estava tudo muito estranho, um movimento perto do hospital, pareciam ter câmeras, repórteres, sites e emissoras de TV na frente do hospital, pois passei ali em frente procurando um local para estacionar. Cheguei na cafeteria, e logo avistei Bruna e Marina sentadas em uma mesa mais afastada, estavam bem no fundo, com uma cara abatida, de choro, e de quem passou a noite em claro, assim que me viram forçaram um sorriso, mas notei que elas estavam fingindo algo na minha frente, então eu queria ser direta com elas, e que elas fossem sinceras comigo, porque eu tinha certeza que algo ruim aconteceu, e que de certa forma isso envolvia o Luan.

-Bom dia Beca, que bom que veio, como está você e a minha sobrinha?-disse Bruna se levantando para me dar um abraço, e alisar minha barriga
-Estamos bem-sorri de canto-mas nós duas estamos sentindo que vocês não estão nada bem-olhei para ela, e para Marina que permaneceu sentada
-Melhor sentar aqui, porque é algo sério-disse Marina me olhando, pois ela não iria conseguir esconder nada de mim, muito menos disfarçar
-Quer um chá? um café? uma água?-Bruna me perguntou
-Pelo o que estou sentindo, vou precisar de uma água com açúcar-suspirei a olhando
-Vou pedir um suco de maracujá para todas nós, porque também quero algo para acalmar-disse Bruna suspirando e indo até uma das moças para fazer o pedido
-Marina, por favor, seja direta comigo, a Bruna está tentando me enrolar, e disfarçar, mas você não consegue esconder nada de mim, então seja direta-pedi a olhando, e coloquei minhas mãos em minha barriga, para que a minha filha pudesse me dar forças, pois eu sentia que iria precisar
-Eu não queria te deixar assustada, nem preocupada, me desculpa Beca, mas não sei a melhor forma de te contar isso...-ela me olhou nos olhos e segurou uma de minhas mãos, entrelaçando com a dela em sinal de apoio
-Só seja sincera Mari-a olhei tentando parecer forte, mas lágrimas insistiam em cair, sem eu conseguir me controlar-é algo com o Luan, não é?
-É sim...-ela tentou disfarçar, mas também deixou lágrimas caírem
-Ele sofreu algum acidente, ou algo assim? porque está cheio de jornalistas, de pessoas da imprensa em frente aquele hospital, e vocês duas aqui nesse estado, só me fazem pensar que algo aconteceu com ele, sem contar que ela também está sentindo que o pai dela não está bem...-chorei baixinho sentindo minha filha mexer, alisando minha barriga, e sentindo Marina segurar forte em minha mão
-Trouxe nosso suco-disse Bruna se sentando ao meu lado, e colocando dois copos de suco de maracujá sobre a mesa-já contou a ela?-perguntou olhando para Mari, que negou com a cabeça
-Essa agonia só está sendo pior para mim-as encarei-me falem de uma vez o que aconteceu, por favor...-as implorei com o olhar, e elas se entreolharam suspirando
-Beca, o meu irmão está em coma-disse Bruna me olhando séria-desculpa te falar assim, mas você precisava saber-ela deixou lágrimas cair e colocou sua mão sobre a minha, que alisava a minha barriga
-O Luan... em coma?-as olhei paralisada
-Sim...-Mari me abraçou pelos ombros encostando sua cadeira na minha-está sendo difícil para todos nós, mas ele está em coma agora
-Porque?-disse olhando para o nada, e senti as duas me abraçando, encostando suas cabeças cada uma em um ombro, e alisando minha barriga
-A Jaqueline o envenenou-disse Bruna sussurrando perto do meu ouvido, como se fosse um segredo, com ódio em sua voz-aquela mulher maldita, fez isso com o meu irmão...-ela chorava sentida-mas graças a Deus, a justiça foi feita...
-Ela está presa?-perguntei tentando entender a situação
-Não, cadeia seria pouco para ela-disse Bruna tentando se recompor, e se sentando na cadeira para me olhar-ela envenenou o meu irmão, e em seguida se matou
-Meu Deus...-eu não sabia o que dizer, o que pensar, estava chocada com todas essas notícias
-Mas agora o que importa, é a gente torcer para o meu irmão acordar-disse Marina me olhando, e enxugando as próprias lágrimas
-E desculpa se a gente não te atendeu, não te falou nada antes, porque foi difícil elaborar uma forma para te contar tudo isso de uma forma mais tranquila, sabendo que a sua gravidez é de risco-disse Bruna me olhando, e apenas assenti, deixando lágrimas cair, pois ainda estava impactada com tudo o que ouvi
-Toma o seu suco, você está bem?-Marina perguntou me olhando, enquanto tentava se recompor do seu choro
-Não sei o que dizer...-disse olhando para o nada-só sei sentir...-deixei lágrimas rolarem enquanto fechei os olhos, e abracei a minha barriga-não quero perder ele... nem que ela o perca... sem nem ter conhecido ele...
-Beca, se acalme-disse Bruna-toma o seu suco, e depois vamos para o hospital, porque você precisa medir sua pressão, e ver como está a bebê
-Você não está sozinha, então fica calma por ela-disse Marina alisando minha barriga-estamos todos juntos nessa Beca, mas vocês duas precisam estar bem, para mandar boas energias para ele, porque eu sei que ele ama vocês e logo vai se recuperar, porque o amor sempre vence
-A vida não é uma novela, para usar essas frases de que o amor sempre vence, o amor é mais forte, isso é vida real Marina-chorei a olhando-o Luan está em coma agora, tem noção do que isso significa? ele pode demorar dias, semanas, meses...
-Beca, tenta manter a calma, a gente sabe que isso é vida real, mas vamos tentar manter a descrição, pelo menos aqui-disse Bruna olhando em volta, pois estávamos começando a atrair atenção das poucas pessoas da cafeteria
-Péssima ideia de vocês, escolherem um lugar público para me darem essa notícia-me levantei as olhando irritada-quero entrar naquele hospital agora, e saber como está o pai da minha filha, porque ficar aqui lamentando e ouvindo vocês duas, é perda de tempo
-Beca, espera a gente, por favor, se controla...-disse Marina vindo atrás de mim, pois saí apressada daquela mesa, em direção a porta de saída
-Só vou esperar, porque não sei como entrar naquele hospital-suspirei a olhando, e tive que esperar Bruna pagar a conta, para finalmente sairmos daquela cafeteria

Estava complicado demais conseguir entrar no hospital, mas como Bruna e Marina eram irmãs de Luan, e estavam ali desde que tudo aconteceu, elas já tinham um esquema para entrar e sair do hospital sem serem notadas pela imprensa. Chegamos na sala de espera reservada para a família, e fui logo abraçar dona Marizete que estava com uma cara péssima, e chorou muito me abraçando, principalmente ao tocar minha barriga e sentir a minha filha se mexendo, eu sabia o quanto isso estava sendo significativo para ela.

-Que bom que está aqui, tenho certeza que o meu filho iria querer vocês por perto-disse me olhando emocionada, enquanto alisava minha barriga
-Também sinto que sim-sorri em meio as lágrimas, colocando minha mão sobre a dela

Naquele momento palavras não eram necessárias, apenas a presença da família, o carinho dentro do abraço e as mãos dadas, eram o sinal de força, que cada um precisava, pois estávamos ali unicamente pelo Luan, e agora só dependeria dele criar forças para acordar, e para tudo finalmente ficar bem, ou não... pois muitas coisas ainda precisam ser resolvidas, esclarecidas, dias turbulentos estavam para chegar e eu não conseguia pensar em mais nada, a não ser no momento em que ouviria a voz dele, veria aquele sorriso lindo, e veria aqueles olhos negros se abrindo outra vez.
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Olá amoreees, o tempo está corrido, mas quando tenho uma folga apareço para postar para vocês, até porque gosto de fazer um capitulo caprichado, e espero que estejam gostando, então comeeeentem bastante, o que estão achando de tudo isso? assim que der, posto maaais, beijoos.

5 comentários:

  1. Mulher, que reviravolta é esse? Só quero que tudo fique bem. E luan sai logo do coma, Fábio descobrindo a verdade sobre o baby

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  2. Em choque com a Jaqueline, mas com certeza melhor assim

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  3. Quero que tudo fique bem com o Luan, que ele saia logo do coma

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  4. Fogo no parquinho, só quero ver quando o sonso do Fábio descobrir tudo

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