terça-feira, 6 de setembro de 2022

Capitulo 73 - Um motivo para continuar.

 -NÃO-ouvi o grito do meu pai, e fechei os olhos, com os timpanos do ouvido zumbindo devido o barulho do tiro, pois eu esperava morrer ali, mas senti braços a minha volta, e quando abri os olhos vi que o Léo foi acertado em cheio por aquele tiro, pois ele se colocou na minha frente, e levou o tiro que era para ter acertado a mim
-Amor, não-o segurei para ele não cair e logo a camisa que ele usava por baixo do terno estava enxarcada de sangue
-Sua miserável-vi que o meu pai arrancou a arma da mão da louca e apontou para ela-você não vai fugir-disse pegando o seu celular com outra mão livre, certamente para ligar para a polícia
-Era para ter acertado a sua maldita filha-Jéssica esbravejou
-Léo, fala comigo-o coloquei sentado no chão e me abaixei tentando falar com ele-Léo-o olhei deixando lágrimas caírem, pois ele estava começando a engasgar com o sangue que saia de sua boca-fica quieto meu amor, logo vai chegar ajuda, pai liga logo para virem socorrer ele-o pedi desesperada
-Calma minha filha, já mandei vir o resgate e a polícia, porque eu não vou deixar essa mulher escapar-olhava com ódio para a ex futura noiva
-Léo, olha para mim-tentava o manter acordado-fica aqui comigo, por favor-eu já chorava desesperada com ele em meus braços, todo ensanguentado
-E... eu...-ele tentava me falar alguma coisa
-Não se esforça meu amor, por favor-fazia carinho no rosto dele, enquanto lágrimas caíam
-Amo... vo... cês...-disse colocando a mão sobre minha barriga, e eu chorei mais ainda
-Nós amamos você, então fica bem, por mim e pelo nosso bebê-o pedi em meio ao choro e ele estava ficando cada vez mais pesado em meus braços-Léo, não me deixa, por favor-ele tombou a cabeça para trás e fechou os olhos de uma vez, me deixando desesperada-LÉO, ACORDA, LÉO, VOCÊ NÃO VAI MORRER-comecei a gritar, e senti alguém tentando me levantar do chão, mas eu não queria me desgrudar dele
-Você precisa se acalmar, nós vamos cuidar dele-vi que eram paramédicos tentando me tirar de cima do meu marido, desfalecido em meus braços
-Salvem ele, por favor-pedi desesperada e vi que a polícia também havia chegado e estava algemando a Jéssica-e que você apodreça na cadeia desgraçada-a olhei cheia de raiva, e senti meu pai vir me abraçar
-Me perdoa por isso minha filha-ele deixou lágrimas caírem-é tudo culpa minha, essa mulher ter entrado nas nossas vidas, feito isso com você-ele estava se sentindo culpado
-Ela que é louca pai, você foi uma vítima-disse ainda dentro do abraço, e vi que os paramédicos olhavam os sinais vitais do Léo, e se entreolhavam negando-e o meu marido?-perguntei temendo a resposta
-Lamentamos, mas ele está morto-disse um dos paramédicos de forma direta e fria, me fazendo quase cair para trás, porém fui segurada pelo meu pai
-Isso só pode ser um pesadelo-desabei a chorar nos braços do meu pai-o Léo não merecia isso pai, ele não merecia ter esse fim
-Não merecia...-meu pai estava chorando, totalmente chocado e abalado demais para me consolar com qualquer palavra, então apenas se manteve abraçado comigo, para me dar forças

Ver levarem o corpo do meu marido embrulhado com aquele papel alumínio, e o escritório da casa do meu pai se tornar uma cena de crime, digna de filme de terror, me deixou totalmente abalada, e agora eu não sei se conseguiria seguir em frente, pois nem completamos dois meses de casados, e nem anunciamos juntos e felizes a espera do nosso filho, eu realmente não nasci para dar certo com ninguém, pois quando penso que finalmente vou ser feliz, vem uma coisa pior do que a outra para tirar a minha felicidade.

-Como você está meu amor? vim correndo quando soube o que aconteceu-disse minha mãe me abraçando, pois eu tive que ser levada para o hospital por estar passando mal, e ela logo foi ficar comigo
-Foi horrível mãe-a olhei chorando, e ela também estava com cara de choro-eu perdi o Léo, para sempre-voltei a desabar, e ela me abraçou forte, chorando junto comigo
-Não vou te deixar passar por isso sozinha, saiba que sempre vou estar aqui minha filha

Chorei um bom tempo no colo da minha mãe, até não ter mais lágrimas para derramar, e devido tanto choro estava com dor de cabeça, então o médico que estava me mantendo em observação me deu um medicamento para melhorar a dor, e algo para que eu pudesse dormir e me acalmar, já que os meus piores dias ainda estavam por vir. Acordei depois de nem sei quanto tempo, ainda no quarto do hospital, e vi minha mãe cochilando sentada na poltrona de acompanhante, com a cabeça tombada para trás, certamente ela vai ter dor no pescoço depois disso, e falando em dor, nada estava doendo mais do que o meu coração nesse momento, me fazendo lembrar do que aconteceu, e foi inevitável chorar outra vez.


-Ainda bem, que o seu pai deixou você comigo-disse conversando com minha barriga em meio as lágrimas-jamais vou me esquecer dele, o seu papai te amou muito, no pouco tempo que soube de você-as lágrimas desciam enquanto eu conversava com o meu bebê

Com o meu choro, acabei acordando a minha mãe, que logo veio ver como eu estava, se eu estava sentindo alguma coisa, e ela assim como eu, estava deslocada, nada poderia amenizar a dor da minha perda, mas eu precisava tentar seguir em frente, mesmo que o Léo se foi, ainda carrego um pedacinho nosso dentro de mim, e é por ele que eu ainda tenho um motivo para continuar.

-Mãe, infelizmente nem deu tempo de fazer como eu e o Léo estávamos planejando, mas eu queria te dizer que estou grávida-disse sorrindo fraco, pois mesmo que seja uma notícia feliz, eu não iria conseguir demonstrar tanta animação em nada
-Que notícia maravilhosa minha filha, parabéns mais uma vez-sorriu me abraçando-pode ter certeza que esse bebê vai ser muito amado por nós
-Eu sei que sim-alisei minha barriga
-Então faça da sua gravidez um motivo para você continuar, pois com certeza o Léo iria querer que você seguisse com os planos de vocês
-Mas está difícil demais pensar que eu vou ter que seguir sozinha, em mais uma gravidez-deixei lágrimas caírem-toda vez que eu engravido acontece algo de ruim com o pai do meu filho, ou comigo, parece que eu tenho uma atração negativa
-Credo Rebeca, não fala essas coisas, infelizmente a gente não pode prever o que vai acontecer de ruim na nossa vida, mas agora não deixa isso te abater, levanta dessa cama de hospital, porque você não está doente, e mesmo que seja doloroso, vamos fazer um enterro digno para o seu marido, e depois vamos seguindo com a vida
-Enterro, que palavra horrível-suspirei-não tenho forças, nem saúde mental para fazer isso mãe
-Tenho certeza que o seu pai vai tomar as providências, até porque a coisa ta bem feia para o lado dele
-O meu pai não teve culpa, é aquela mulher maldita, que fez todo esse estrago na minha vida-senti nojo ao falar dela
-Que com certeza vai ficar presa pelo resto da vida, se existe justiça nesse país
-Que assim seja

Depois de ficar mais um tempo em observação no hospital, tive alta, e estava sendo muito doloroso ver as pessoas me desejando pesâmes, pois eu era uma mulher jovem, e agora estava viúva e grávida. Eu não estava em condições de ir para casa, então fiquei no apartamento da minha mãe, junto com Letícia, que acabou ficando com Marina depois que tudo aconteceu, pois minha amiga estava como convidada no casamento, então ficou cuidando da minha filha, que estava sem entender nada que aconteceu, mas se sentia triste ao me ver triste, e por saber que nunca mais veria o tio Léo, por quem ela tinha tanto carinho. Logo o irmão do meu falecido marido veio me consolar, e também se sentir consolado ao meu lado, pois eles só tinham um ao outro, e estava sendo bem mais díficil para o Leandro do que eu imaginava, pois ele perdeu o único irmão, e parente de sangue mais próximo.

-Pensei que o meu irmão viveria muito mais do que eu-Leandro dizia triste abraçado comigo-agora eu não tenho mais ninguém, para julgar minhas escolhas, mas também para ser o meu ombro amigo, e melhor irmão do mundo
-Ele amava muito você, mesmo você sendo totalmente o oposto dele-disse segurando nas mãos dele-e fica tranquilo Le, que você ainda vai ter um parente de sangue, você tem um sobrinho a caminho-disse colocando a mão dele na minha barriga e ele finalmente sorriu
-Verdade isso?-sorriu emocionado-eu vou ser tio?
-Sim, eu estou grávida do seu irmão, e então você vai ter um sobrinho
-Obrigado por isso Beca-ele me abraçou todo feliz-pelo menos a continuação da descendência da minha família não vai precisar depender só de mim, já pensei que teria que virar hétero para ter filhos
-Você sempre muito bobo-tive que rir dele-e só você para me fazer rir nesse momento
-Agora você vai ter que me aguentar muito cunhadinha, porque eu não vou desgrudar de você e nem desse baby-alisou minha barriga-até porque as chances de ser minha cara são muitas
-Mas que fique claro que você é apenas o tio, e vai ser bom para ele ter você por perto, pois de certa forma, ele sempre vai saber como seria mais ou menos fisicamente o pai dele
-Dele ou dela né, porque se eu tiver uma sobrinha, eu vou querer ela bem barbiezinha
-Pelo visto, a minha gravidez era o motivo que a gente precisava para continuar-sorri para o meu cunhado, que assentiu, e se abaixou beijando a minha barriga

O meu pai, como o esperado ficou responsável por todos os tramites do velório, do enterro, e eu ainda tive que assinar algumas coisas devido ser a viúva, mas o Leandro estava ao meu lado e me apoiando em tudo, pois ele juntamente comigo, era quem mais estava sentindo a perda do Léo. Durante o velório teve homenagens dos médicos amigos dele, e claro que teve muitas coroas de flores, muitas honras devido ele ter seguido a vida se dedicando a fazer bem, a cuidar dos outros, e a hora da despedida sempre era a mais dolorida, eu não conseguia ficar muito tempo perto do caixão, pois queria me lembrar dele vivo, sendo o homem que conheci, bondoso, gentil, sorridente, compreensivo, e acima de tudo, me amando até o fim e por ter deixado um pedacinho dele se formando dentro de mim. Depois da despedida, eu ainda quis ir ficar com a minha mãe, estava tudo muito recente, tudo fora do lugar, e eu não me sentiria bem em voltar para casa e saber que ele não estaria mais lá.

-Mamãe, você ta chorando?-ouvi Letícia entrando no meu quarto, e ela veio se deitar comigo
-É difícil meu amor-deixei lágrimas caírem, equanto ela me abraçava-mas logo isso vai passar
-Posso dormir com você?-disse tristinha
-Claro que pode-beijei a testa dela-obrigada por ser a minha melhor companhia

Fiquei abraçada com Letícia, e ela logo pegou no sono, enquanto que eu ainda não conseguia dormir, muitas lembranças se passavam pela minha mente, pensamentos, sentimentos bagunçados, então me levantei com cuidado para não acordar a minha filha, e fui tomar uma água, voltei para o quarto me deitando perto da Letícia, e alisei minha barriga me lembrando que um pedacinho do amor da minha vida estava ali dentro, mas pouca gente sabia da minha gravidez, então movida pela emoção, decidi fazer um texto, e postar com algumas fotos que fiz com o Léo, antes do pior acontecer, para anunciar a minha gravidez, pois parece que estávamos prevendo em deixar as fotos prontas, do dia em que o teste deu positivo, e do meu primeiro e único ultrassom ao lado dele.



@becasanches : Nesse dia de tragédia, e mesmo estando em meio a dor, resolvi vir compartilhar um dos últimos momentos felizes que tive ao seu lado, quando descobrimos juntos a espera do maior milagre da vida, um filho nosso, uma pequena semente plantada pelo nosso amor, que nos fez comemorar juntos, começar a traçar planos, objetivos, e sonharmos desde então com o rostinho dele, com cada etapa que passaríamos junto com ele, mas... infelizmente... nem sempre a vida segue o curso que a gente quer, e agora eu estou aqui sozinha, com a responsabilidade de ser mãe e pai ao mesmo tempo, para transmitir a ele ou ela, tudo o que você com certeza faria, quem você foi, seu legado, sua história, nossa história de amor, e o fazer crer, assim como eu, que de onde você estiver, vai estar olhando por nós, vendo a minha gravidez se desenvolver, o nosso filho crescer, e que ele seja tudo o que a gente sonhou, te amo Léo, e que de onde você está, você saiba que tudo que eu fizer pelo nosso filho, vai ser por você também, descansa em paz meu amor @drleoreis 🌹😢💔
#LutoEterno 🖤

Postei o texto em meio as lágrimas, e eu sabia que a partir de agora o meu motivo para seguir em frente era esse bebê, e também a minha filha, que dormia tranquilamente ao meu lado na minha cama, é pelos meus filhos que eu não posso desanimar, e mostrar a mulher forte e de garra que eu sou, mesmo que por dentro eu não seja tudo isso, por fora vou construir uma fortaleza, para ser a melhor mãe possível, pois eu sei que os meus filhos sempre vão depender somente de mim. Algumas semanas se passaram, e eu ainda tentava me recuperar de todo o sofrimento, pois mesmo que seja dolorido, eu precisava voltar para a minha casa, porque não queria voltar a depender da minha mãe, ou da compaixão das pessoas por ser viúva, ainda mais agora que estou grávida, quero ter um cantinho somente meu e dos meus filhos, porque a responsabilidade de criá-los e educá-los, é totalmente minha, e sempre vai ser assim até o fim dos meus dias.

*Luan on.

Justo agora que eu estava voltando a seguir com a minha vida, e conformado que perdi a Rebeca para sempre, surge a notícia que o marido dela faleceu, que ela está grávida, e que a vida dela deu um giro de 360º que até para mim, era difícil para entender e processar. Claro que eu estava preocupado com a Rebeca, e principalmente com a minha filha, em como a cabecinha dela iria ficar após tudo isso, e mesmo querendo muito ir vê-las, eu ainda tinha minha agenda de shows para cumprir, sem contar que eu nem sabia o que dizer a ela. A Thifany voltou a ser um grude comigo depois que reatamos, e eu não queria desagradar a minha namorada, a deixando sozinha, para ir atrás da mãe da minha filha, que é minha ex e agora ficou viúva, até porque a Rebeca deve estar recebendo muitas mensagens de pesâmes, e pessoas indo a consolar, minha irmã Marina obviamente é uma delas, pois ficou no Rio duas semanas junto com a Rebeca, e para não parecer tão frio e sem coração, falei com ela rapidamente pelo celular em uma ligação que fiz para a minha filha, mas Rebeca estava muito abalada para querer falar comigo, ou qualquer outra pessoa, principalmente para ouvir mais uma vez os pêsames, coisa que ela já deve estar de saco cheio de ouvir todos dizendo. Quando finalmente tive folga, estava com saudades da minha filha, porém receoso de ir para o Rio, e ver a Rebeca mal, então conversei com os meus pais pedindo uma orientação e eles me aconselharam a ir, pois o sofrimento da Rebeca não tem nada haver comigo, sem contar que a Letícia iria ficar bicuda comigo, quando soubesse que eu estava de folga e não fui vê-la.

-Oi Luan, não sabia que era você-disse Rebeca abrindo a porta da casa dela, assim que toquei a campainha
-Oi Beca, sou eu-sorri de canto a olhando-sinto muito por tudo, como você está?-perguntei sendo gentil
-Indo-suspirou me dando passagem-fica á vontade, a Letícia está aqui dentro
-Oi papai-logo a Letícia veio me abraçar, assim que me viu
-Oi minha princesa, eu estava morrendo de saudade-a abracei apertado
-Já que chegou para ficar com ela, preciso sair para resolver umas coisas-disse Beca pegando sua bolsa e colocando óculos escuros, certamente para tampar a olheira e a cara de quem andou chorando
-Pode ir tranquila, eu cuido da Le-disse sentando no sofá, com a minha filha no meu colo
-Mamãe, hoje é dia de você ir ver o meu irmãozinho?-Letícia perguntou curiosa
-Sim meu amor-Beca respondeu
-Eu quero ir com você, será que ele já cresceu?-Letícia perguntou
-Não meu amor, ele ainda é pequenininho, e você já viu ele esses dias, então fica com o seu pai, você não estava reclamando de saudades?
-Mas eu gosto de ir ver o meu irmãozinho, o meu papai pode ir junto com gente, não pode?-disse Letícia com um brilho nos olhos e Rebeca respirou fundo
-Não sei se o seu pai iria querer, ele acabou de chegar minha filha, e você já fazendo essa desfeita
-Eu não me importo em acompanhar vocês-disse sincero-mas se não quiser minha companhia, eu espero vocês chegarem
-Letícia, você só arruma confusão-disse Rebeca estressada-mas se o seu pai não se importar, então ele pode nos acompanhar
-Oba, vamos ver o meu irmãozinho-disse Letícia toda animada
-Nunca imaginei que você fosse ficar tão feliz em ter um irmãozinho-ri vendo a empolgação dela
-É que eu vou ajudar a cuidar dele, e a mamãe disse que eu posso escolher o nome-Letícia estava animada
-Vamos logo, e para de conversa fiada, eu tenho hora marcada no meu médico-disse Rebeca

Confesso que fiquei feliz com o convite de última hora, em acompanhar a Beca e a minha filha, para ver o tão esperado irmãozinho dela. Chegamos no consultório, e para mim aquilo tudo era muito novo, tive alguns relances na minha memória, da única vez que acompanhei a Rebeca quando ela estava grávida da nossa filha, e com certeza aquilo seria bom para mim, porque antes eu não pude estar acompanhando ela durante a gestação da Letícia, e de surpresa vê-la grávida de outro, ainda me faz ter a mesma emoção. Mesmo não tendo a certeza se ela iria deixar eu entrar, acho que para evitar tumulto na sala de espera, foi melhor eu acompanha-las até a sala do ginecologista, primeiro Beca teve um momento de conversa sozinha com o médico, e depois fomos para outra sala, onde ela iria fazer o ultrassom.

-Ta ouvindo o coraçãozinho, é muito forte-disse o médico
-Sim, é o som mais lindo desse mundo-disse Beca emocionada
-Mas e o meu irmãozinho, aonde ele está?-Letícia perguntou curiosa
-Ta bem aqui-disse o médico apontando com o mouse na tela-ele ainda é bem pequeno, mas logo você vai ver ele melhor
-Já da para saber se é menino ou menina?-Letícia estava na maior curiosidade
-Ainda é cedo para ver, mas o que você gostaria que fosse?-o médico a perguntou
-Não sei ainda-disse pensativa-acho que uma menina seria legal, para brincar comigo

Depois do ultrassom realizado, Beca pegou as imagens que o médico imprimiu como foto, e logo voltamos para a casa delas, com a Letícia falando o tempo todo de que queria ver o irmãozinho crescer logo, e do quanto estava feliz por ver ele mais uma vez.

-Eu não estou me sentindo muito bem, vou me deitar no meu quarto, mas pode ficar á vontade com a Letícia-disse Beca, após chegarmos na casa delas
-Pode ir descansar Beca, eu cuido da Le-disse sendo compreensivo e ela assentiu chamando Bruno para ir com ela para o quarto
-Papai, você acha que o meu irmãozinho vai ficar triste porque ele não tem papai?-do nada a Letícia me fez essa pergunta
-Não sei Le, mas vai demorar para ele entender isso, e até lá, ele vai receber muito amor da sua mãe, seu, dos seus avós...
-Porque eu sinto saudades do tio Léo-disse tristinha e eu a abracei
-Eu sei que sente falta dele, mas pensa que agora ele ta lá em cima-apontei para o céu-cuidando de você, da sua mãe, do seu irmãozinho, porque ele amava muito vocês
-Será que está mesmo?-ela olhou pensativa para cima-então queria que ele fizesse a minha mãe parar de chorar, porque ela chora todo dia conversando com ele
-Logo essa fase difícil vai passar, ainda é tudo muito recente para a sua mãe-suspirei imaginando o quanto estava sendo triste para elas enfrentarem aquilo-mas que tal a gente inventar alguma coisa para comer? tô cheio de fome, porque a sua mãe não quis parar nem na barraquinha de cachorro quente aqui perto-disse rindo, e ela sorriu animada
-Então vamos fazer o nosso cachorro quente papai, tem salsicha, e o que falta a gente pede no aplicativo do mercado
-Ta muito moderna Le, sabe até pedir comida no aplicativo do mercado
-Quem não sabe papai?-ela riu-vamos lá ver o que falta para a gente fazer cachorro quente

Eu ainda me surpreendia com a inteligência e esperteza da minha filha, fomos na cozinha conferir o que tinha, e o que faltava para fazermos o cachorro quente, e eu ás vezes me fazia de desentendido para ela me explicar como funcionava o aplicativo do mercado, como comprava os produtos, e depois o pagamento é óbvio que foi com o meu cartão, já que seria muito abuso comprar as coisas no nome da Rebeca, que nem está sabendo o que estamos aprontando. Enquanto a compra do mercado não chegava, fomos preparar o molho, e claro que fiz tudo do meu jeito, com a Letícia opinando no que ficaria bom ou não no meio.

-Que cheiro é esse? o que estão fazendo?-disse Rebeca aparecendo com a cara toda inchada na cozinha
-Nós estamos fazendo cachorro quente mamãe-Letícia respondeu
-Só espero que não coloquem fogo na minha cozinha, e que lavem tudo depois-disse indo na direção da geladeira e pegando uma garrafinha de água
-Pode deixar que depois vamos colocar tudo em ordem-disse afirmando
-Espero que sim-deu de ombros colocando um comprimido na boca e tomando a água
-Isso não faz mal?-perguntei curioso
-É receitado pelo meu médico, então não faz mal-disse colocando a garrafinha de volta na geladeira
-Mamãe, vem ajudar a gente a fazer cachorro quente-Letícia pediu
-Meu amor, a mamãe está com muita dor de cabeça-disse com uma cara péssima-tenho certeza que vai ficar delicioso com a ajuda do seu pai
-Então não vai querer comer depois-disse Letícia-só vai comer quem ajudar
-Que menina abusada-Rebeca a olhou-eu não queria mesmo-deu de ombros saindo da cozinha
-Letícia, isso não se faz com uma grávida, ainda mais com a sua mãe-a repreendi
-Minha mãe ta bem chata-reclamou
-Ela não tem culpa Le, depois você vai levar um cachorro quente para ela e a pedir desculpas, ouviu?-a olhei sério e ela assentiu, mal me dando moral

A entrega do mercado até que foi rápida, e como haviamos pedido pão, veio tudo bem fresquinho, com algumas guloseimas e refrigerante também, então já estava tudo certo para montarmos os nossos cachorros quentes.

-Ta uma delícia-disse Letícia se lambuzando de maionese e ketchup, enquanto mordia o cachorro quente
-Arrasamos Le-bati minha mão com a dela, e rimos juntos, pois nós estávamos com a boca suja de molho
-Esse cheiro está me deixando enjoada-disse Beca entrando na cozinha-que furacão passou por aqui?-olhou horrorizada para a pia, o balcão e a mesa, tudo estava com bagunça
-Nós vamos limpar depois Beca, não se estressa por isso-já a avisei, e ela respirou fundo
-Espero mesmo-nos olhou brava
-Ta tão gostoso esse cachorro quente, pena que quem não ajudou, não vai comer-disse Letícia atiçando a mãe dela
-Mas eu não pedi nada-disse Rebeca-vou bater uma vitamina com frutas, algo mais saudável para mim, e para o meu bebê-disse alisando sua barriga, que já começou a apontar, mas não estava grande
-Se quiser cachorro quente, eu faço um para você-me ofereci, pois morro de medo de grávida ficar com vontade
-Não precisa Luan, meu estomago não está muito legal, então prefiro algo mais leve-me agradeceu
-Bom que sobra mais-disse Letícia com a boca cheia
-É feio falar de boca cheia, seu pai não te ensinou isso?-disse Rebeca a olhando, enquanto picava umas frutas
-Nem meu pai, nem minha mãe-disse Letícia rindo, e falando com a boca cheia de novo
-Le, isso é muito feio-a olhei bravo, pois ela parecia querer irritar a mãe dela
-Faz graça comigo, que eu te coloco de castigo Letícia, simples assim-disse Rebeca
-O meu pai não vai deixar, não é papai?-disse Letícia me olhando
-Você mora com a sua mãe, então ela quem decide-disse dando de ombros e ela me olhou fazendo bico
-Se ferrou, achou que o seu pai iria te proteger?-disse Rebeca rindo
-Assim não vale-Letícia nos olhou emburrada-desculpa mamãe, eu não quero ficar de castigo
-Arrependeu rápido mocinha-Rebeca riu
-O que a ameaça de um castigo não faz-ri as olhando-quer mais cachorro quente Le?
-Agora não-disse Letícia-vamos jogar banco imobiliário?-me perguntou
-Você ainda gosta desse jogo?
-É legal ás vezes-ela riu
-Ela mal liga para esse jogo, ela só gosta porque tem sua cara estampada nele-disse Rebeca revirando os olhos
-Sinal que a minha filha me ama-sorri a abraçando-agora vamos jogar o que você quiser minha princesa
-Só não esquece que a cozinha e a louça suja é toda de vocês-disse Rebeca enquanto batia as frutas no liquidificador
-Depois cuidamos disso Beca-a avisei
-Espero que sim

Fui para a sala com a minha filha, que levou vários jogos para brincar comigo, enquanto que Rebeca depois de tomar a vitamina dela, voltou para o quarto, e permaneceu por lá um bom tempo. Mesmo cheios de preguiça, fiz Letícia ir me ajudar a lavar a louça e arrumar a cozinha, pois Rebeca iria nos fuzilar se fosse mais uma vez na cozinha e encontrasse tudo sujo ainda.

-Gostei de ver-disse Rebeca entrando na cozinha, estava de cabelo molhado, uma roupa que parecia um pijama, e certamente ela havia tomado banho
-Estamos deixando tudo em ordem dona Rebeca-disse a olhando
-Que bom, pelo menos sabem limpar o que sujaram-ficou nos olhando
-Mamãe, eu não alcanço lá em cima para guardar-disse Letícia, que estava secando e guardando a louça, ou parte dela, já que não alcançava os armários altos, e nem se esforçava em arrastar uma cadeira para tentar alcançar
-Seu pai é quase um poste, depois ele guarda-riu me olhando
-Você ta muito folgada mamãe-disse Letícia-o meu pai é visita-riu me olhando
-Se a visita inventou moda de sujar minha louça e minha cozinha, então pode muito bem colocar tudo no lugar
-Aproveitando a conversa, como eu sou visita, preciso ir-as avisei e Letícia me olhou triste
-Vai aonde papai? você não vai ficar aqui?
-Deixei minhas coisas no hotel, e só vim passar o dia com você-disse a olhando
-Então eu posso ir dormir com você?-me pediu e eu olhei para Rebeca
-Se sua mãe...
-Claro que pode-disse Rebeca-você merece um tempo a sós com o seu pai, sem a chata da sua mãe por perto-sorriu de canto
-Oba, então vou arrumar minhas coisas para dormir no hotel com o papai-disse toda animada saindo da cozinha
-Vou ajudar a Le-disse Beca

Enquanto a Beca arrumava a mala da nossa filha, a Letícia foi tomar banho, e eu fiquei alisando o Bruno, que só queria saber de dormir embaixo dos meus pés, perto do sofá.

-Luan, ta aqui a mala da Letícia, coloquei pouca coisa, e não esquece que amanhã ela precisa ir para a escola, já tem faltado muito esses dias-suspirou triste-mas se precisar de alguma coisa, ela está perto de casa, é só me ligar
-Sim, não é tão distante o hotel, então obrigado por deixar ela ir dormir comigo
-Ela estava com muita saudade de você, e eu sei que tem sido péssimo para ela conviver comigo ultimamente-disse Beca suspirando triste
-Tenho certeza que logo essa fase ruim vai passar Beca, tenta pensar no seu bebê que está a caminho, ele é um grande motivo de felicidade
-Sim-sorriu alisando sua barriga-mas é díficil demais, esperar sozinha...-disse deixando palavras no ar-acho que a Letícia saiu do banho-seguiu para o quarto da nossa filha

Respirei fundo, pois eu sabia o que significava para ela tudo isso, também me ausentei na gestação da nossa filha, e nem em mil anos eu iria conseguir reparar o que eu perdi ao lado delas, e nem voltar no tempo, para ver cada fase da minha filha, antes de se tornar a Letícia esperta que eu conheço. Nos despedimos da Rebeca, e fomos para o hotel, que eu havia me hospedado e levado apenas as minha malas, claro que a Letícia amava uma novidade, e adorou fazer bagunça pulando na cama do hotel, comendo as besteiras do frigobar, depois ir jantar comigo uma macarronada no restaurante do hotel, e encerrar a noite assistindo a nossa série preferida de fantasia. No dia seguinte, acordamos tarde, mas Rebeca já havia me ligado, e mandado mensagem, que a Letícia tinha aula, e então fui deixar ela na escola, e depois voltei para o hotel e dormi mais um pouco. Acordei com fome, e resolvi sair para comer, fui em um restaurante perto do hotel, e era muito ruim andar sozinho, queria estar passando o dia com a Letícia outra vez, mas não é sempre que ela pode ficar faltando da escola para ter um momento comigo, e mesmo que eu não quisesse parecer invasivo demais, acabei indo até a casa de Rebeca, pois ela estava sozinha, e eu me preocupava com ela, ainda mais sabendo que ela não está na melhor fase da vida.

-Oi Luan, não esperava que viesse aqui-disse me olhando surpresa
-Vim te visitar, não posso?
-Pode-disse me dando passagem
-Como passou de ontem para hoje?
-Bem-sorriu de canto-e a Letícia te deu muito trabalho?
-Nós sabemos nos divertir juntos-sorri me lembrando-ela é uma ótima companhia
-Sim, quando está carinhosa e de bom humor-ela riu
-Acho que nisso ela puxou você, porque quando está de boa é a melhor pessoa para se conviver, mas caso contrário...-ri a olhando e ela me jogou uma almofada
-Veio aqui só para falar mal de mim, e dizer que sou uma péssima companhia?
-Claro que não, é que surgiu o assunto-ri a olhando-mas falando sério, eu vim para a gente conversar, tentar te animar, ou sei lá-disse sincero e ela sorriu de canto
-Não precisa se preocupar comigo Luan, mas obrigada, por mostrar que se importa
-Eu sempre vou me preocupar com você e com a Letícia, querer saber se vocês estão bem, se estão felizes, porque eu passo a maior parte do tempo longe das pessoas que eu amo, que eu quero cuidar, e o pouco que posso fazer é esse, demonstrar que me importo
-Já está fazendo muito-disse sorrindo emocionada, e deixou lágrimas caírem, mas logo as enxugou-desculpa, estou muito emotiva, chorona, os hormônios não estão me favorecendo em nada
-Mulher grávida é sempre emotiva-sorri de canto a olhando-quer um abraço?-a ofereci, e ela assentiu se pondo a chorar
-Desculpa, não estou nos meus melhores dias-secava suas lágrimas ainda abraçada comigo
-Beca, chorar faz bem, se é o que tem vontade, então coloca isso para fora, deixa sair toda essa tristeza-a fiz carinho e beijei sua testa, enquanto ela chorava nos meus braços
-Nada da certo na minha vida, eu devo ser uma pessoa muito ruim, só nasci para sofrer-disse chorando
-Você é íncrivel-a fiz olhar em meus olhos, e sequei as lágrimas que caíam, com os meus dedos-não fica se rebaixando, nem se culpando pelo o que deu errado, são coisas da vida, e muitas delas a gentão não tem controle, nem tem culpa da maldada de outros a nossa volta, infelizmente acabamos pagando pelo mal dos outros-suspirei me lembrando do ocorrido, e ela deve ter pensado o mesmo, pois suspirou pesado e fechou os olhos
-Eu só queria entender, o porque que sempre sou eu quem pago-me olhou-e o pior de tudo, foi ouvir que tudo que também deu errado na sua vida, e da Marina, foi por culpa daqueles malditos...
-Eu soube de tudo-respirei fundo-a minha irmã me contou, e eu fiquei horrorizado, pelo menos temos a certeza que o meu pai sempre foi inocente, e que as gêmeas do mal, no fim tiveram o que mereciam, uma está morta, a outra presa, e nós estamos juntos e felizes, pois a minha irmã foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, e graças a ela, eu também conheci você, que me deu o maior amor da minha vida, a nossa filha Letícia
-Nossa vida é um embaraço Luan, desde antes, você e a Marina, sua ex com a irmã psicopata, nós dois-riu de canto-mas pelo menos, hoje em dia estamos nos dando bem, e criando uma certa amizade
-Pensei que já fossemos amigos
-E somos, mas estou me referindo a você se conformar em ser só meu amigo, o que está fazendo agora
-É o jeito-sorri sem jeito, e ela me abraçou, deitando a cabeça no meu ombro
-Mas é bom ter você por perto, seu abraço me conforta, sinto falta de um abraço assim, ultimamente
-Sou especialista em abraços, é o que dizem por aí-sorri a abraçando apertado e ela riu-muita gente sonha com esse abraço, então aproveita
-Posso imaginar o quanto esse abraço já fez bem a tanta gente-suspirou se aconchegando nos meus braços-você é quentinho, cheiroso-cheirou meu pescoço-sem contar que sabe abraçar igual urso, e faz a gente não querer soltar nunca mais
-Então não me solta muié-ri em meio ao que ela me falava
-Mas preciso-riu saindo do meu abraço-lembrei que tenho que fazer xixi, e você me apertando só piorou a vontade-saiu correndo para o banheiro

Tive que rir do desespero da Rebeca para ir fazer xixi, e eu estava me sentindo bem, muito leve e confortável ao lado dela, pois antes de tudo isso acontecer, estávamos agindo como dois estranhos, nos tratando friamente, e eu tentava evitar vê-lá ao máximo que eu podia, pois estava sofrendo demais com o casamento dela, mas agora que o marido dela se foi, não quero tirar vantagem disso, mas sinto que isso nos aproximou outra vez, e aliviou o clima pesado que estava sendo criado entre nós.

-Já almoçou hoje?-a perguntei quando ela voltou para a sala
-Fiz um mexido de ovo, não estou conseguindo comer muita coisa, tô enjoando com tudo-fez careta de enjoo
-Assim nem tem como te chamar para almoçar comigo
-Se for algo leve, eu vou
-Leve, tipo o que? salada? quer ir em um restaurante vegano?-a sugeri
-Na verdade, estou com uma certa vontade de comer camarão-me olhou salivando-é um pouco demorado, mas aceitaria ir em um restaurante na beira da praia?
-Me surpreendeu-sorri com a sugestão dela-na verdade direto eu venho no Rio, e vocês que também moram aqui, mal vão na praia
-A vida é corrida Luan, praia todo dia só para quem mora lá perto-ela riu
-Bem que poderíamos passear um pouquinho na praia, molhar o pé no mar
-Se não estiver muito tumultuado, vamos tentar, vou colocar uma roupa de praia-seguiu para o quarto dela e foi se trocar

Esperei Rebeca ficar pronta, e ela prevenida já pegou uma bolsa de praia, me fez passar protetor solar, e por sorte eu estava de bermuda e chinelo, ou caso contrário teria que ir no hotel trocar de roupa, e atrasar mais ainda o nosso passeio. Com o trânsito sempre lento e congestionado, levamos mais de uma hora para chegar no restaurante que ela queria, e durante o caminho Rebeca ligou para a mãe dela, pedindo para que ela ficasse com a Letícia após o horário da escola, e que ela passaria para pegar a nossa filha mais tarde no apartamento da mãe dela.

-Nem acredito que estou comendo camarão-disse Beca toda feliz se deliciando com o prato que tanto queria
-Vai devagar, porque se você começar a passar mal depois, vai sobrar para mim carregar uma grávida gorfando
-Que indelicadeza Luan

Almoçamos em um clima agradavél, e como o previsto, ela sentiu enjoo e foi vomitar no banheiro do restaurante, depois de uns minutos lá dentro, a esperei do lado de fora com uma garrafinha de água com gás, e ela me agradeceu sorrindo, pois estava com vergonha de ter feito aquilo, e agora queria andar um pouco pela praia, para respirar ar puro. Escolhemos um lado mais tranquilo para andar pela areia, e ir até a beira do mar, Beca veio preparada, e logo foi tirando a roupa e ficando só de biquine, exibindo melhor a barriguinha de grávida que começava a surgir, e aquilo me fez sorrir, vendo o quanto ela era linda. Também me livrei da minha camisa, e entrei de bermuda na água, mas não ficamos muito, pois logo Beca estendeu uma toalha grande na areia, e nos sentamos ali para ver o mar, tomar um pouco de sol, e ouvir aquele barulho das ondas, sentindo a brisa fresca passando pelos nossos cabelos.

-Eu amo estar aqui, que saudade desse lugar-disse Beca de olhos fechados e sorrindo
-É lindo demais, e a gente aproveita tão pouco
-Pois é, ficamos tão presos nos problemas, nas coisas ruins, que esquecemos que tem lugares bons, momentos bons, e que precisamos disso para recarregar nossa energia, elevar nossa paz de espirito, melhorar o humor, e tomar vitamina D
-Acho que nós dois precisamos muito de vitamina D, um mais branquelo que o outro-ri a olhando
-Branquelo é você, eu sou morena, e estou um pouco desbotada, mas agora vou ganhar uma corzinha
-Então passa mais um pouco de protetor, principalmente na barriguinha-disse vendo ela a alisar
-Tenho mesmo que cuidar da minha barriga, logo vai começar a crescer, ter estrias, e a pele precisa estar bem cuidada para essa fase-disse Rebeca passando mais protetor e desenhando um coração, antes de espalhar
-Você tem sentido alguma diferença dessa gravidez com a da Letícia?-perguntei curioso
-Acho que ainda está tudo igual, com relação aos sintomas, mas como eu já não estou na melhor idade para ter engravidado, e tudo o que passei abalando o meu emocional, acho que estou até que bem-sorriu fraco espalhando o protetor solar na barriga
-Você é muito forte Beca, vai dar tudo certo na sua gestação, e quando esse bebê nascer, tenho certeza que ele vai ter a melhor mãe do mundo para cuidar dele
-Vou tentar ser a melhor que eu puder-suspirou
-E vai ser-disse colocando minha mão sobre a dela-esse bebezinho vai ter muito orgulho de você, pode ter certeza

Ficamos mais um tempinho sentados na areia da praia, até a Beca sentir mais enjoo e querer ir embora. Antes de voltarmos para a casa dela, passamos no apartamento da dona Vera para buscar Letícia, que fez o maior drama quando descobriu que nós fomos na praia e não a levamos, o que já era esperado, pois ela sempre quer participar de tudo.

-Mamãe, amanhã nós vamos na praia?-Letícia a perguntou, após já termos chegado na casa delas
-Não sei, depende do meu humor e da minha disposição
-Se você não for, o meu pai me leva, não é papai?-disse Letícia me olhando
-Filha, amanhã o papai precisa ir para São Paulo, mas quando eu voltar para o Rio, prometo passar um dia todinho na praia com você
-Vocês só fazem as coisas quando eu não estou junto-disse emburrada indo para o quarto dela
-Preciso de um banho, e acho que vou vomitar mais um pouco-disse Beca indo para o quarto dela correndo, pois já havia vomitado muito em um banheiro químico na praia, e depois no apartamento da mãe dela

Resolvi ir atrás da minha filha, que estava emburrada, mas ela disse que não queria me ver, me chamou de chato e fechou a porta na minha cara.

-Lidar com mulher não é fácil-respirei fundo me sentando no sofá e colocando em um canal qualquer da TV, pois eu queria me despedir delas para voltar para o hotel, e ir embora no dia seguinte, para matar um pouco a saudade da minha família, e depois voltar a minha rotina de shows, até ter outra folga e voltar a ver quem eu amo

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Olá amores, mais um capítulo com muita emoção, o que estão achando do rumo da história? comentem o que será que vai acontecer, que logo posto mais, beijos.

4 comentários:

  1. Estou surpresa com essa m0rt3 😱

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  2. Mas continua tá muito boa

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  3. Tô amando que vc tá postando com frequência, continua.. continua🫶🏻

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  4. Continue porque tá bjs de mais

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